
O crescente apetite dos chineses por carne e peixe impulsiona as importações de soja no país mais populoso do planeta. A carne era pouco frequente nas mesas chinesas mas, com décadas de crescimento espetacular, a dieta de seus mais de 1,3 bilhão de habitantes se transformou junto com a urbanização.
Cerca de 80% da necessidade chinesa de soja - estimada em aproximadamente 70 milhões de toneladas em 2012 - é moída para produzir óleo e rações para animais de granja e peixe, estimam os analistas. Apenas 20% são utilizados diretamente para alimentação humana, como o tradicional tofu, leite e molho de soja.
- A maior demanda é para a farinha de soja, que é utilizada principalmente na alimentação animal. A demanda por óleo e alimentos de origem animal está crescendo devido à urbanização chinesa - diz Zhang Lanlan, analista da Sublime China Information Co.
No ano passado, os agricultores chineses colheram cerca de 12,8 milhões de toneladas de soja, enquanto o país importou 58,4 milhões de toneladas.O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) estima que a China importará de 63 milhões a 67,5 milhões de toneladas de soja este ano, com produção doméstica estável em 12 milhões de toneladas.
Os Estados Unidos foram os maiores fornecedores de soja à China em 2012, com 44% das importações, seguidos de perto pelo Brasil, com 41% e pela Argentina, com 10%, de acordo com a consultora Beijing Orient Agribusiness.
A indústria esmagadora chinesa tem capacidade anual de mais de 100 milhões de toneladas, segundo os analistas, o que demonstra que o gigante asiático tem apetite para muito mais. Se, por um lado, os produtores são proibidos de utilizar sementes geneticamente modificadas no cultivo local, Pequim permite a importação de 11 variedades de sementes transgênicas, três delas aprovadas em junho.
"A soja geneticamente modificada importada é segura para comer. As pessoas não devem se preocupar" informou, em recente artigo, o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista. A demanda de soja se mantém alta apesar de o crescimento ter desacelerado na China, segunda maior economia do mundo. O PIB cresceu 7,8% em 2012 (menor ritmo em 13 anos), mas não há sinais de redução no interesse pelo grão.