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Gisele Loeblein: qualidade deve valer mais do que quantidade

Sul tem cerca de 300 mil produtores de leite e no próximo ano será a maior região produtora, batendo o Sudeste

Ao longo das descobertas de fraudes no leite feitas pelo Ministério Público Estadual (MPE), no ano passado, com as operações Leite Compen$ado, muito se falou que o Rio Grande do Sul só tinha problemas detectados porque aqui a fiscalização é intensa. Outros Estados estariam passando batido pelos escândalos simplesmente porque não mantinham sobre o mesmo rigor de controle a produção do que os gaúchos. A lógica era a de que quem procura, acha.

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Pois Santa Catarina também começou a procurar. E encontrou irregularidades no produto, em uma ação coordenada pelo MP de lá e com prisões realizadas também em solo gaúcho.

Gaúchos e catarinenses, ao lado de paranaenses, integram a Aliança Láctea do Sul Brasileira. O bloco técnico, político e econômico será oficialmente criado no dia 2 de setembro, durante a Expointer. Reúne governo e setor produtivo na busca por soluções conjuntas, que garantam padronização dos processos nas três áreas - inclusive na fiscalização.

O Sul tem cerca de 300 mil produtores e no próximo ano será a maior região produtora de leite, batendo o Sudeste. Tem potencial de chegar a 2025 com volume de 20 bilhões de litros por ano - hoje é de 11,5 bilhões -, mesma quantidade da Nova Zelândia, referência mundial no setor.

Para chegar lá, precisará vencer a desconfiança gerada pela adulteração dentro de casa.

- Enquanto não houver profissionalização, temos de fiscalizar - diz Airton Spies, secretário de Agricultura de SC.

Engenheiro agrônomo, Spies fez mestrado na Nova Zelândia e doutorado na Austrália, países que, juntos, respondem por cerca de 50% das exportações mundiais de produtos lácteos. De lá traz uma expressão que precisa pegar por aqui: carrots and sticks. A expresssão que se refere a cenouras e bastão se refere à estratégia de usar recompensa e punição.

- Não basta só fiscalizar e punir. Temos de oferecer a cenoura a quem tem produto de qualidade - ensina o secretário.

A cenoura seria a remuneração pela qualidade e não só pela quantidade de produto entregue pelo produtor. Boa qualidade tem de ser remunerada. Assim, lá na frente, o bastão poderá ser abolido.

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