
Reduto de brasileiros nos Estados Unidos, Massachusetts tem a influência de hábitos alimentares de migrantes na produção de hortaliças. Com mais de 250 mil brasileiros vivendo na região, conforme o consulado do Brasil em Boston, culturas como jiló, maxixe e taioba deixaram de ser desconhecidas de produtores americanos e se transformaram em uma nova oportunidade de negócio.
Com a crescente migração de brasileiros para a região nas últimas duas décadas - grande parte nascidos em Minas Gerais -, a Universidade de Massachusetts (UMass) passou a pesquisar a adaptação das variedades ao clima americano. Os primeiros experimentos de vegetais étnicos, com sementes trazidas do Brasil, foram feitos ainda em 2004.
- É um mercado novo, os produtores ainda precisam de informações técnicas para apostar nessas culturas - destaca o professor extensionista Frank Mangan, do Departamento de Agricultura da UMass.
Ao introduzir o cultivo desses vegetais em lavouras experimentais da UMass, em Amherst, pesquisadores conseguiram disseminar o cultivo de vegetais típicos do Brasil. Jiló, maxixe e taioba passaram então a ser cultivadas comercialmente em Massachusetts. Após avaliar a viabilidade de produção das culturas brasileiras ao clima americano, a universidade trabalha para disseminar informações sobre o cultivo e abrir canais de comercialização em grandes redes de varejo.
- A demanda existe, mas muitos brasileiros não sabem onde encontrar os produtos. Os canais de distribuição ainda são restritos - acrescenta Mangan, que se interessou pela pesquisa em uma das viagens ao Brasil, onde costuma participar de eventos técnicos e pesquisas de campo no Centro-Oeste e no Nordeste.
Para divulgar os produtos no mercado americano, foram feitas ações em lojas de varejo, em feiras de alimentos, em jornais brasileiros nos Estados Unidos e na Rede Globo Internacional.
- No período em que o comercial foi veiculado na televisão, recebemos centenas de ligações de brasileiros - lembra o professor.
Aline saiu de Minas Gerais e, em Amherst, pesquisa para melhorar produticidade da planta

Entre os profissionais envolvidos no projeto, está a pesquisadora brasileira Aline Marchese, doutora em Melhoramento Vegetal pela Universidade Federal de Lavras (Ufla-MG). Nos últimos dois anos, Aline trabalhou em Massachusetts na avaliação e seleção de híbridos de jiló desenvolvidos pela Ufla, em Minas Gerais, principal Estado produtor do vegetal no Brasil.
- Nossa pesquisa busca aumentar a produtividade do jiló nessa região americana, estimulando o interesse dos produtores pela cultura e, assim, ampliar a produção para atender o mercado de migrantes brasileiros - explica a pesquisadora, acrescentando que muitos migrantes não conseguem substituir os vegetais consumidos no país de origem.