Aline Custódio
Lâmina a lâmina, a folha de butiazeiro pode ganhar nova forma com a ajuda de mãos experientes, que trançam a fibra seca com agilidade e dão vida a uma técnica praticada por um grupo de moradores cada vez menor na área rural de Torres, no Litoral Norte. Depois de atravessar as seis gerações mais recentes da região, a confecção manual de chapéus de palha corre o risco de deixar de existir, assim como os próprios butiazais da espécie B. catarinensis – presentes apenas na região e também na lista de espécies da flora ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul.
Há 50 anos, a produção era fonte de renda complementar para pelo menos 80 famílias inteiras de Torres. Hoje, estaria restrita a menos de 30 pessoas na cidade, segundo o Instituto Curicaca – que estuda o tema na região. Cinco das artesãs mais experientes vivem nas comunidades antes conhecidas pelo artesanato: São Braz, Campo Bonito e Faxinal. Aos 78 anos, Eracy Joaquina Datx da Rocha orgulha-se do período dedicado ao trançar. Neste ano, ela completa sete décadas.