Campo e Lavoura

Agronegócio

Expointer 2017 começa com expectativa de faturamento próximo à edição anterior

Com a crise, momento inspira cautela e projeções são moderadas. No ano passado, negócios encaminhados na feira somaram R$ 1,92 bilhão

Homero Pivotto Jr.

Gráfico revela a oscilação de faturamento nas últimas cinco edições da feira agropecuária mais importante do Brasil.

Os nove dias da Expointer deverão ser marcados mais por debates sobre os rumos do setor agrícola e da economia do país do que pelo volume de vendas. O cenário é de cautela em razão da dificuldade econômica que, mesmo em menor intensidade, vem adentrando as porteiras. A expectativa dos negócios é manter média similar ou ficar pouco acima de 2016, que fechou em R$ 1,92 bilhão.

– A crise chegou ao agronegócio e os produtores estão endividados. Este ano deve ser melhor do que 2016, mas não como 2013, que foi uma edição excelente comercialmente. Mas não bater recordes não significa que é ruim – projeta Antônio da Luz, economista-chefe do Sistema Farsul.

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Até porque, segundo ele, o que está sendo exposto na Expointer pode não vender na hora, mas no horizonte de médio prazo.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Máquinas e Implementos Agrícolas no Rio Grande do Sul (Simers), Claudio Bier, faz avaliação mais otimista:

– Trabalhamos com aumento entre 5% e 10%, porque tivemos uma safra maravilhosa de grãos. Poderia ser um índice ainda maior, mas os preços das commodities estão abaixo do que gostaríamos – avalia Bier, complementando que um dos diferenciais da Expointer são as novidades tecnológicas, que despertam a atenção do público.

Alfredo Miguel Neto, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), destaca que as vendas de máquinas agrícolas cresceram 17,1% nos primeiros sete meses de 2017, se comparadas ao mesmo período do ano passado, o que deve frear as quedas anuais de vendas registradas a partir de 2014. Para o executivo, eventos de grande porte são fundamentais para a continuidade dos bons negócios.

– Exposições da magnitude da Expointer, uma das mais relevantes no Brasil, são essenciais para alavancar a confiança e despertar o interesse dos investidores e produtores rurais. É uma excelente oportunidade para que eles tenham acesso aos produtos mais modernos, tecnológicos e eficientes disponíveis no mercado – ressalta Miguel Neto.

O otimismo da indústria contrasta com a cautela no campo. O economista da Farsul ressalta que é preciso cuidado na hora de adquirir novas máquinas e equipamentos. Se por um lado, as pessoas não devem deixar de investir, por outro, Luz aconselha que o produtor não compre uma máquina maior do que o necessário apenas porque o juro está baixo:

– Em outras edições, o volume de compra foi alto, até com incentivos do governo, mas isso não corresponde à expectativa de longo prazo.

O superintendente estadual do Banco do Brasil, Edson Bündchen, garante que os juros, no geral, não tiveram alterações significativas em relação a 2016 e que há um baixo índice de devedores no agronegócio – em torno de 1,17% com atrasos superiores a três meses. Por essa e outras razões – como a retomada da confiança na economia e o arrefecimento da crise, segundo ele _ as vendas na Expointer devem ser positivas:

– Temos uma meta de R$ 800 milhões em crédito (em 2016 foram R$ 600 milhões). Não poderemos liberar todo esse montante na hora, até por questões cadastrais. Mas temos linhas para auxiliar do micro ao grande produtor. Não faltará recurso para o campo.

Setor de carnes reflete mais a crise econômica

O cenário inspira cautela entre os pecuaristas. Em 2016, os animais movimentaram em torno de R$ 11,1 milhões na Expointer, cerca de 29% a menos do que em 2015. Um dos desafios da organização era não deixar o número de inscritos cair, o que, infelizmente não foi possível. Este ano, no total, 3.207 animais de argola inscritos – em 2016, haviam sido 4.285 – a queda é explicada pelas restrições às aves e recuo de algumas raças.

De acordo com o consultor Alex Lopes, da Scot Consultoria, este é um bom momento para criadores e profissionais técnicos debaterem estratégias.

– Não podemos ignorar a crise de 2016. A carne é um produto altamente sensível ao poder de compra da população, que caiu. Também houve uma diminuição do abate, em razão do ciclo de produção. Recentemente, algumas regiões do Rio Grande do Sul, como a de Pelotas, começaram a demonstrar melhora no preço do quilo do boi, que estava em declínio – afirma Lopes.

Em um ano de incertezas, Lopes considera a Expointer uma boa oportunidade de criadores alinharem estratégias com quem produz tecnologia.

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Correspondente Gaúcha Postos Charrua

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