Em um negócio que somará faturamento de cerca de US$ 9 bilhões por ano, a TAM e a chilena LAN anunciaram ontem acordo que criará um gigante na América Latina. Conjuntamente, as duas empresas voam para mais de cem destinos em 23 países e totalizam 40 mil funcionários.
No que deve ser o maior negócio no setor no país, desde março de 2007, quando a Gol comprou a Varig por US$ 320 milhões, a fusão dos grupos ocorre sob nova holding, batizada de Latam Airlines Group. A Latam terá ações (BDRs) negociadas na BM&FBovespa, em Nova York no Chile. O capital da TAM será fechado.
A participação acionária da Latam não foi divulgada, mas a LAN deverá ficar com 70,6% da Latam, e a TAM, com 29,3%. Apesar de a TAM ser maior do que a LAN em receita, a chilena possui mais ações em circulação e um valor de mercado maior.
Mas os acionistas controladores da TAM, a família Amaro, por meio da TAM Empreendimentos e Participações, manterão o controle da empresa aérea TAM, com 80% do capital votante e mais uma participação não divulgada na LAN. A família Cueto, controladora da LAN, manterá o controle da LAN, além de deter 20% da TAM.
Hoje, a lei brasileira limita em 20% a participação de estrangeiros no setor aéreo. O Congresso deve votar, neste ano, a ampliação do limite para 49%.
Por meio de nota, as empresas informaram que será criado "um modelo de governança único que gerenciará todas as decisões estratégicas relacionadas à coordenação e alinhamento de atividades das holdings do grupo Latam". Mauricio Rolim Amaro, vice-presidente do conselho de administração da TAM, será o presidente do conselho da Latam. Enrique Cueto, atual CEO da LAN, vai ser o CEO da Latam.
Há muitos anos as famílias Cueto e Amaro discutem uma possibilidade de associação. As negociações esquentaram após a vitória de Sebastián Piñera como presidente do Chile. Piñera detinha 26% da LAN e assumiu o compromisso, na campanha presidencial em 2009, de vender sua participação
Bandeiras das aéreas serão mantidas separadamente
A intenção é manter as bandeiras TAM e LAN separadamente. A expectativa é que a fusão das operações gere uma sinergia de US$ 400 milhões, afirmou o diretor-financeiro da Lan, Alejandro de la Fuente. Segundo ele, as redes das duas companhias apresentam pouca sobreposição e a combinação de forças, além de ampliar as frequências e destinos das empresas, elevará a capacidade dos serviços de transporte de carga. O maior aproveitamento viria da área de passageiros, com sinergias estimadas em US$ 170 milhões. A de cargas produziria US$ 110 milhões e outros US$ 120 milhões viriam de redução de custos. Espera-se que cerca de um terço das sinergias ocorram no primeiro ano de operação.
- Todas as sinergias poderiam ser implementadas ao final do terceiro ano de operação - afirmou o presidente da TAM, Líbano Barroso.
Para o professor de Transporte Aéreo da UFRJ, Respício Espírito Santo Jr., a fusão cria um gigante.
- Ao se aliar à TAM, a LAN contém o avanço da Gol na América do Sul - diz Espírito Santo Jr.
As ações da TAM dispararam no pregão da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) ontem, assim que saíram informações sobre a fusão. Na última meia hora de sessão, os papéis subiram 21,30 pontos percentuais. As ações fecharam o dia em alta de 27,64%, a R$ 36,20.
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TAM e LAN criam gigante do ar
Maior aérea da América Latina atenderá mais de cem destinos em 23 países e pode gerar economia de US$ 400 milhões
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