O projeto de construção da Ferrovia Norte-Sul entre o Paraná e o porto de Rio Grande, deixado de fora pelo governo federal do novo plano de concessões, retoma fôlego. É a garantia recebida por secretários dos três Estados do Sul em encontro, nesta terça-feira, com representantes do Ministério dos Transportes e o presidente da recém-criada Empresa de Planejamento e Logística (EPL), Bernardo Figueiredo.
O coro pela construção do trecho de 1,6 mil quilômetros até o porto gaúcho, passando por Chapecó (SC) e Passo Fundo, foi reforçado, em Brasília, durante a apresentação do Projeto Sul Competitivo. O estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mapeou os gargalos no transporte de cargas na Região Sul.
Há duas semanas, ao lançar o Programa de Investimentos em Logística, o governo federal indicou outra ferrovia já existente na região - ligando São Paulo a Porto Alegre, passando por Mafra (SC). Assim, o trecho pretendido da Norte-Sul estaria fora dos planos no momento, na contramão do que diz o secretário de Infraestrutura gaúcho, Beto Albuquerque:
- O governo federal explicou que não houve descarte da obra, só esclareceu que neste primeiro momento a prioridade ficou no aproveitamento de ferrovias existentes.
A fim de manter o sonho em pé, a Valec, empresa ligada ao Ministério dos Transportes, deve dar continuidade à licitação para a elaboração dos estudos técnicos da ferrovia, prevista para setembro. Ao mesmo tempo, governos e federações das indústrias do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e do Paraná vão pressionar para que a obra, com orçamento estimado em R$ 7,2 bilhões, seja incluída no plano de concessões do governo. Conforme cálculos do estudo Sul Competitivo, se a obra sair do papel, em uma década o trecho pode representar economia anual de R$ 755 milhões em logística.
Para o presidente da Fiergs, Heitor José Müller, o trem é fundamental para evitar um colapso no transporte das cargas gaúchas, em especial grãos, como a soja levada da região de Passo Fundo para o porto de Rio Grande.
- Exagerando, se nada for feito, em 2020 teremos filas de caminhão para chegar ao porto começando lá em Santa Rosa - alertou Müller.
PROPOSTAS PARA DESAFOGAR O TRANSPORTE
Projetos existentes e algumas obras sugeridas em estudo da CNI para melhorar a infraestrutura no Sul:
EM ANDAMENTO
Duplicação da BR-392, entre Pelotas e Rio Grande
Recursos do PAC: R$ 1,52 bilhão
Rodovia do Parque
Em andamento trecho entre Sapucaia do Sul e Porto Alegre
Recursos do PAC: R$ 1,84 bilhão
Duplicação da BR-116 entre a BR-290 e o contorno de Pelotas
Recursos do PAC: R$ 1,15 bilhão
Duplicação da BR-290, entre Eldorado do Sul e Pantano Grande
Recursos do PAC: R$ 676,5 milhões
PROJETO
Construção da segunda ponte sobre o Guaíba
Em fase de estudo
Custo estimado: R$ 900 milhões
Ferrovia Norte-Sul
Trecho: Panorama (SP) e o porto de Rio Grande
Idealizado pelo governo, não está incluído em nenhum programa
Custo: R$ 7,2 bilhões
BAIXA VIABILIDADE
Gasoduto entre Porto Alegre e Rio Grande
Idealizado pelo governo, não está em nenhum programa
Custo: R$ 561 milhões
Adequação da BR-158, entre Iraí e Santa Maria
Idealizado pelo governo, não está em nenhum programa
Custo: R$ 480 milhões
Adequação da ferrovia entre Roca Sales e Passo Fundo
Não está em nenhum programa
Custo: R$ 471 milhões
Adequação da BR-101 entre Osório e São José do Norte
Idealizado pelo governo, mas não está em nenhum programa
Valor de R$ 468 milhões