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Ultrapassam os limites de Guaíba os reflexos da ampliação da fábrica da Celulose Riograndense, que teve pedra fundamental lançada nesta quinta-feira. Serão criados mais de 7 mil empregos durante a obra e de mais 1,25 mil para a operação da unidade ampliada, além de alimentar o caixa do governo.
A projeção da empresa é de que o recolhimento de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) durante a fase de construção, chegue a R$ 102 milhões. O valor é o total até a entrada em funcionamento da fábrica, em 2015. Mesmo sem perspectiva de grande arrecadação constante, já que 90% da produção será exportada - portanto isenta de ICMS -, o secretário da Fazenda, Odir Tonollier, destacou que o reflexo econômico será "muito forte".
- Esse aumento da arrecadação vai ocorrer pela cadeia produtiva, pela geração de novos empregos e de renda nas áreas cultivadas - disse.
E os efeitos também deverão ser sentidos em outros setores da economia gaúcha, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor Müller:
- A ampliação cria uma série de possibilidades em várias áreas, pois viabiliza a produção de mudas, de sementes, o plantio de florestas, incrementa o transporte e incentiva a instalação de comércio - avalia.
Nesse contexto, a empresa informa que outros 40 municípios gaúchos serão beneficiados com a ampliação da fábrica. Por causa disso, não foi surpresa a presença de prefeitos de outras regiões no evento.
O prefeito de Guaíba, Henrique Tavares (PTB), estima que até fim do ano os impactos iniciais da obra serão sentidos no comércio, mas reforçou que os efeitos serão mais vigorosos daqui a quatro anos, dois após a inauguração da nova planta.
- Em poucos anos, vamos dobrar a arrecadação de ICMS, passando de cerca de R$ 130 milhões para próximo de R$ 280 milhões - estimou.
A tônica da cerimônia de lançamento da pedra fundamental da obra foi o sucesso do diálogo entre a iniciativa privada e o governo gaúcho, apontado como fator decisivo para o investimento, considerado o maior em âmbito empresarial no Estado.
O presidente do conselho de administração da chilena CMPC (controladora da Celulose Riograndense), Eliodoro Matte, reforçou que a empresa tem confiança na economia brasileira e expectativa de aumento de demanda do setor, salientando que a ampliação representa um "enorme desafio". Recentemente, a companhia foi reconhecida como uma das três mais importantes no cenário econômico do Chile.
- A aliança público-privada foi fundamental para que o projeto funcione - disse Matte.
Walter Lídio Nunes, diretor-presidente da Celulose Riograndense, destacou como pontos positivos o envolvimento da comunidade do município e a geração de empregos durante e depois da obra, além da contratação de fornecedores locais:
- Foi a sociedade gaúcha que conquistou esse projeto.
O secretário estadual do Desenvolvimento, Mauro Knijnik, enfatizou que a nova fábrica, discutida pela primeira vez em 2006, vai impulsionar a economia gaúcha. O governador Tarso Genro foi além: afirmou que a partir dessa fábrica, a relação com o Chile tomou outra forma.
- Vamos abrir nossas portas para o (Oceano) Pacífico. O Rio Grande do Sul é uma plataforma de articulação importante com o Mercosul - afirmou Tarso.
Números do empreendimento
Hoje, a fábrica em Guaíba produz 450 mil toneladas por ano de celulose. Após a ampliação, a capacidade será de 1,8 milhão de toneladas ao ano.
A previsão do início das operações é junho de 2015.
A empresa tem 214 mil hectares de terra, dos quais 81 mil são destinados à preservação ambiental.
Durante a obra, serão criados 7 mil empregos diretos, dos quais 70% deles devem ser ocupados por pessoas da Grande Porto Alegre, e 21 mil indiretos.
Na operação atual, são 2.850 empregos diretos. A expansão vai gerar mais 1.250 postos de trabalho, totalizando 4,1 mil empregos. Após a ampliação, o empreendimento proporcionará 17,1 mil empregos indiretos.