
A expectativa de uma economia morna neste segundo semestre deve confirmar o que corretores e investidores vinham projetando: um recuo nos preços dos imóveis em Porto Alegre. Consumidores que têm esperado o fim da Copa do Mundo para ver como a economia se comporta poderão encontrar casas e apartamentos recém lançados com preços mais baixos do que no início deste ano.
O preço do metro quadrado, que vinha subindo de 0,7% a 1,5% ao mês desde 2013, recuou 1,3% no acumulado deste ano, conforme o indicador FipeZap. Na opinião de investidores, essa trajetória seguirá descendente. Refletindo um mercado menos animado, o ritmo de lançamento das construtoras também diminui.
- Desde 2011, os investidores compravam a maior parte dos lançamentos de olho no potencial de venda. A euforia passou. Hoje, tentam se desfazer dos imóveis, derrubando preços - afirma Tales Bergmeyer Morigi, sócio da Trend Investimentos Imobiliários.
Diante da fuga de quem compra na planta para revender, as construtoras passaram a colocar a lupa no consumidor final. Para seduzir uma massa cujo poder aquisitivo tem sido sufocado pela inflação, oferecem promoções e liquidações. Daí vem o efeito cascata: quando o valor dos novos cai, os usados também ficam mais baratos, mantendo o equilíbrio de preços. Esse movimento é mais evidente em bairros afastados do Centro.
- São regiões onde ocorreram a maior parte dos lançamentos nos últimos anos, com as construtoras esperando uma valorização que não veio - explica o consultor financeiro Leandro Rassier, diretor da LHR investimentos.
Vice-presidente de Comercialização do Scovi/Agademi, entidade que representa as imobiliárias, Gilberto Cabeda não vê espaço para reduções expressivas. A tendência é de que os valores se acomodem, com altas ou baixas pontuais.
- Quem está oferecendo descontos agora é porque estava pedindo muito antes. Então as reduções serão pontuais - diz Cabeda.
Procurando um apartamento próximo ao Centro, o professor universitário Cyro Gudolle Sobragi, 31 anos, percebe que a disparada nos valores cessou. Como estratégia para fazer um bom negócio, acompanha a oferta em sites e jornais, sem pressa, à espera do imóvel ideal pelo preço que faça valer a pena deixar o aluguel.
- Os valores subiram muito, não vale a pena usar toda a poupança para dar de entrada. É melhor pesquisar para evitar comprar algo que amanhã valha menos - explica.
No que prestar atenção
Por que os preços podem cair:
- O crescimento econômico esperado neste ano não veio, o que desestimulou investimentos comerciais em bairros mais afastados, travando sua valorização.
- A inflação a galope e a alta nos juros têm pesado no orçamento das famílias, levando muitas a adiarem a compra da casa própria.
- Investidores imobiliários perderam o apetite em razão do resfriamento do mercado e aumentaram o estoque de unidades à venda.
- Com o preço dos imóveis novos em alta, muitos clientes têm preferido comprar usados mais bem localizados e espaçosos.
Como fazer um bom negócio:
- Se tiver dinheiro para pagar à vista, tente negociar uma redução de 10% a 20% no valor do imóvel.
- Imóveis mais antigos costumam demorar mais para ter saída. Verifique há quanto tempo estão à venda para saber qual a oportunidade de negociação.
- Procure conhecer o preço do metro quadrado no bairro de interesse, para saber se o apartamento está acima ou abaixo da média.
- Avalie qual o perfil de imóvel usado que poderia comprar com o mesmo preço do novo. Às vezes, pode haver vantagem em razão de localização e espaço.
O mapa das vendas
As movimentações que especialistas projetam para Porto Alegre nos próximos meses:
Regiões onde os preços tendem a subir: no raio mais próximo ao Centro, que contempla Menino Deus, Bela Vista e Independência
Regiões onde os preços tendem a se estabilizar: contempla os bairros Tristeza, Nonoai, Jardim Botânico, Chácara das Pedras, Higienópolis e Navegantes
Regiões com boa possibilidade de negociação: contempla bairros mais afastados, como Humaitá, Vila Ipiranga, São José, Vila Nova, Espírito Santo.
Fontes: vice presidente do Secovi Gilberto Cabeda, especialista em investimentos; Leandro Rassier, diretor da Trend Investimentos Imobiliários; Tales Bergmeyer Morigi