Gustavo Foster
Em 2004, o cenário econômico era diferente, bem como as prioridades dos casais na hora de investir. O especialista em finanças Gustavo Cerbasi, há uma década, lançou um livro que acabou sendo referência para quem quer repensar suas prioridades de gastos e começar a acumular bens ou capital.
Ao mesmo tempo, Casais Inteligentes Enriquecem Juntos foi o começo para uma série de outras publicações do autor que transitam também nessa área, como Casais Inteligentes Enriquecem Seus Filhos e O Segredo de Casais Inteligentes e também para a sua vida como palestrante e consultor em finanças pessoais.
Ainda que o mundo tenha mudado, algumas oportunidades de acumular e viver uma vida a dois financeiramente saudável seguem as mesmas. Em entrevista a ZH, Cerbasi fala um pouco desse novo cenário e dessas oportunidades de mudança de hábitos.
Leia também: qual dólar você paga no cartão de crédito?
Leia também: quando começar e quanto dar de mesada?
Zero Hora - Algo mudou nesses 10 anos que se passaram após a publicação de Casais Inteligentes Enriquecem Juntos? Quais são as principais diferenças daquele mundo para o nosso, atual, em termos do comportamento das pessoas acerca de suas finanças?
Gustavo Cerbasi - Muita coisa mudou. Em 2004, eu escrevia que os casais não falavam sobre dinheiro porque o assunto não estava na pauta das preocupações das famílias. Em dez anos, o tema cresceu na mídia, meu livro e os de muitos outros autores passaram a ser referências básicas em cursos de noivos e planos de casamentos. Mas, casais ainda conversam menos do que deveriam sobre dinheiro, pois o tema disputa espaço com outros assuntos de qualidade de vida. Nesses dez anos, aparentemente, os indicadores de consumo das famílias brasileiras não melhoraram muito. Os brasileiros continuam muito endividados, mas com dívidas de melhor qualidade do que há dez anos. Ainda poupam menos do que deveriam, não conseguem se planejar para o longo prazo e se sentem muito inseguros em relação ao futuro. Entretanto, não se pode desprezar o fato de que os brasileiros das estatísticas de hoje são diferentes daqueles de 2004. Lá atrás, o público consumidor era muito menor e mais elitizado. Em dez anos, milhões de famílias tiveram acesso a bancos, a crédito e a um novo consumo, tudo isso antes de conhecerem a educação financeira. Os brasileiros que consumiam há dez anos estão com as finanças mais organizadas, mas a nova classe consumidora brasileira ainda está longe de ser considerada financeiramente educada. Não poderia ser diferente, pois o governo pouco fez, nesse período, para educar a população para o bom uso do dinheiro. Políticas econômicas modeladas para favorecer setores industriais específicos (como as reduções pontuais de IPI) lançaram as famílias a um consumo não planejado, que resultou em um nível de endividamento maior do que o previsto.