O Produto Interno Bruto Brasileiro (PIB), soma de todos os bens e serviços produzidos no país, teve queda de 0,6% no segundo trimestre de 2014, em relação aos primeiros três meses do ano. O valor ficou em R$ 1,27 trilhão. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta sexta-feira o indicador, que havia caído 0,2% no trimestre anterior.
Com o encolhimento da economia por dois trimestres consecutivos, o país entra na chamada recessão técnica. A última vez que aconteceu essa redução consecutiva foi entre os três últimos meses de 2008 e o primeiro trimestre de 2009, no auge da crise financeira internacional.
Na divulgação do PIB no Rio de Janeiro, a gerente da Coordenação de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palisa, evitou utilizar o termo "recessão", reforçando que o instituto considera as variações entre -0,5% e 0,5% como "estabilidade".
Apesar de a literatura econômica considerar dois recuos consecutivos na economia uma recessão técnica, alguns especialistas tem afirmado que o país passa por um período de estagnação, já que o desempenho nos seis primeiros meses do ano ficaram muito próximos de zero. Marcelo Portugal, professor de economia da UFRGS, avalia que o cenário atual é, no mínimo, "estranho." Mesmo com o ritmo lento da economia, as taxas de desemprego não tem aumentado:
- Em geral, fala-se de recessão quando não há crescimento econômico e o desemprego cresce, o que não tem ocorrido no Brasil. Há demissões na indústria, mas elas estão sendo compensadas com vagas abertas em outros setores. Em geral, o emprego é a última variável a sofrer modificações. Se os trabalhadores começarem a ser dispensados aí sim passaremos a enfrentar uma recessão mais grave. Mas, para que isso ocorra, seriam necessários pelo menos mais um trimestre de crescimento negativo.
Também professor de economia da UFRGS, Fernando Ferrari não há dúvida de o Brasil passa por uma recessão.
- Não se trata de um termo político, mas sim técnico, que tem amparo na teoria econômica. Não é coisa de especialista brasileiro com este ou aquele viés ideológico. É um parâmetro internacional. Dois recuos seguidos configuram recessão - arremata.
Na comparação com o segundo trimestre de 2013, o PIB recuou 0,90% no segundo trimestre deste ano. O resultado ficou dentro das estimavas dos analistas de 48 casas, que previam desde queda de 1,80% até alta de 0,20%, com mediana negativa de 0,60%. Já em 12 meses, com o dado do segundo semestre, há um crescimento acumulado de 1,4%.
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O melhor desempenho neste trimestre foi registrado pelo setor de agropecuária, que cresceu 0,2% em relação aos últimos três meses. O PIB da indústria caiu 1,5% e o de serviços, 0,5%, no período.
Quando a comparação dos dados divulgados nesta sexta-feira ocorre com o segundo trimestre do ano passado, a queda atinge 0,9%, com agropecuária sem crescimento e indústria com recuo de 3,4% e serviços com alta de 0,2%.
Veja a taxa de crescimento dos últimos quatro trimestres:
* Zero Hora, com agências
