
No embalo da popularização dos pagamentos com cartão, que no primeiro trimestre do ano totalizaram R$ 223 bilhões no país, financeiras e bancos estão apostando em um novo serviço: o cartão pré-pago. Regulamentado no final do ano passado, o produto é destinado à população sem conta bancária ou interessada em controlar seus gastos com rigidez.
Nessa opção, o usuário não precisa de uma conta bancária, como no caso dos cartões de crédito; tem os valores que gasta descontados na hora, como se fosse um cartão de débito. A particularidade é que o cliente recarrega o plástico com dinheiro e pode gastar só o que deixou de saldo, sem risco de entrar no limite. Os pagamentos são feitos nas mesmas maquinhinhas que aceitam cartões de crédito e débito.
Como o pré-pago dispensa a abertura de uma conta bancária, a taxa mensal paga por esse serviço inexiste. Mas o cartão tem um custo. Dependendo do uso, pode sair até mais caro do que uma conta em banco.
- Metade da população brasileira ainda não tem conta bancária e encontra nos pré-pagos uma alternativa segura e prática de pagamento - afirma Bernardo Faria, diretor executivo da Acesso Card, empresa que vende cartões com bandeira Mastercard.
Conforme o Grupo Setorial de Pré-pagos (GSPP), entidade formada pelas empresas que oferecem esse produto, há potencial para que os pré-pagos correspondam a 10% dos pagamentos com plástico até 2020. A população desbancarizada é o principal alvo, mas não o único, explica Faria, que tem apenas 3% de seus negócios no Rio Grande do Sul - a maioria está concentrada no Sudeste e Nordeste. Os pré-pagos podem ser alternativa para pais pagarem e controlarem o uso da mesada aos filhos, por exemplo - há um site onde o usuário faz transferência, consulta saldo e extrato.
- Talvez a principal vantagem do pré-pago seja o controle financeiro, pois a pessoa só utiliza o valor que abasteceu, sem entrar em limites que possam causar um transtorno na hora de acertar a fatura - avalia Alfredo Meneghetti Neto, especialista em finanças pessoais e professor de Economia da PUCRS.
Opções como cartão de crédito e cheque especial são os maiores condutores ao superendividamento, lembra Meneghetti, pois, além de oferecerem limites generosos, cobram juros que podem passar de 13% ao mês.
- Tem de se avaliar os custos e a facilidade de abastecimento para saber se o pré-pago vale a pena - sugere.
Alternativa é mais comum nos EUA
A profusão dos pré-pagos é recente: começou neste ano, após o Banco Central (BC) determinar, no final de 2013, algumas regras para o uso, como exigência de identificação do usuário. Nem BC e nem a Associação Brasileira de Cartões de Crédito (Abecs) possuem dados deste mercado, mas especialistas explicam que as emissões e o valor movimentado ainda são muito baixos. A experiência mais próxima do brasileiro com meios de pagamento pré-pagos são cartões de viagem, como os travel money.
Os pré-pagos são oferecidos por alguns bancos (mesmo para quem não tenha conta) e empresas que atuam especificamente na venda desses produtos. Em alguns casos, podem ser encontrados em supermercados ou lojas de varejo, principalmente em São Paulo.
No Rio Grande do Sul, os números são ínfimos. Um dos principais mercados é os Estados Unidos. No ano passado, o Google anunciou no mercado americano um cartão pré-pago com acesso a fundos armazenados em contas Google Wallet, um aplicativo para dispositivos móveis e serviço online de pagamentos.