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Que atire a primeira apólice quem nunca tomou um susto com o valor do seguro do carro. Um estudo realizado em cinco capitais brasileiras pela Proteste, uma entidade de defesa do consumidor, mostrou que Porto Alegre tem a maior diferença entre os valores mais altos e mais baixos - de até R$ 3,8 mil.
Os fatores que compõem o preço do seguro são múltiplos- idade ou sexo do condutor, modelo do veículo, local onde costuma estacionar o carro, zona da cidade onde mora, tipo de residência etc.
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Rodrigo Alexandre, um dos responsáveis pelo estudo da Proteste, diz que, dependendo do perfil do condutor, Porto Alegre pode ser a cidade mais cara para proteger um veículo. Para chegar aos valores, o instituto criou diversos cenários nos quais variavam os modelos de carro e os perfis do condutores, e enviou um questionário às seguradoras em cinco cidades (Porto Alegre, Salvador, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte).
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Em um dos seis casos apresentados no estudo, classificado como Perfil B, que descreve o possível cliente como uma mulher de 33 anos, com quatro anos de carteira de motorista, solteira, que usa um Celta 2009 duas vezes por semana, a capital gaúcha foi a mais cara. A motorista pagaria R$ 1.146 ante R$ 825 no Rio de Janeiro. Por outro lado, segundo o estudo, se o cliente fosse um homem de 35 anos, solteiro, com cinco anos de habilitação, que usa um Uno Mille 2011 duas vezes por semana, ele pagaria o menor preço entre os municípios pesquisados - R$ 1.101, R$ 38 a menos do que no Rio de Janeiro, o segundo mais barato nesta categoria.
O corretor de seguros Amauri Macedo, que trabalha há mais de 20 anos no ramo, lembra que a idade do condutor e o tempo de habilitação são os fatores que mais influenciam no preço final. Os preços para homens jovens, com idade inferior a 25 anos, chegam a ser 30% superiores.
Macedo recomenda que, para pagar menos por uma apólice, o consumidor precisa ter mecanismos que diminuam os riscos ao veículo. Entre eles, guardar o carro na garagem, evitar deixar o veículo em via pública, ter alarme, rastreador ou chave corta-corrente. Quanto mais cuidados forem tomados, maior a possibilidade de o preço cobrado pela seguradora baixar. Outro fator, por vezes esquecido, é se o carro comprado é de uma marca que possui fácil acesso às peças.
- Se está fora de linha ou se é muito visado por assaltos, como o Gol e o Uno, o preço tende a subir - diz o corretor.
A lógica é sempre a mesma: quanto maior o risco, maior a chance de algo acontecer e a segurado ter prejuízo. O aumento do preço é uma espécie de seguro para a própria seguradora.
Não adianta, claro, "inventar" na hora de se cadastrar em uma seguradora.
- A seguradora vai bater o perfil. Se houver alguma fraude, pode haver problema no futuro, e a seguradora não querer pagar - explica o pesquisador da Proteste.
Os preços do mercado brasileiro também são inflacionados pela falta de segurança. Apenas no primeiro semestre de 2014, 9.240 veículos foram furtados e 6.663, roubados. Em Porto Alegre, as zonas da cidade oferecem diferentes graus de riscos. Segundo Macedo, uma apólice para um veículo na Zona Norte pode custar até 15% a mais do que na Zona Sul. O motivo é o índice de recuperação de carros levados em cada região. Por causa dos desmanches na Região Metropolitana, fica mais difícil de recuperar "por inteiro" um veículo desaparecido.