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A possibilidade de venda da TIM para Vivo, Claro e Oi, negócio que redesenharia o mercado de telefonia do país, promete dar trabalho para os órgãos que regulam a concorrência, o setor de comunicações e para as entidades de defesa do consumidor. Considerado complexo por conhecedores da área, a transação seria mais um passo no processo de consolidação das teles no país em busca de maior escala e capacidade de investir.
Caso confirmada, a transação avaliada em R$ 31,5 bilhões levaria a operadora e sua base de clientes a ser fatiada pelas três concorrentes. Como a compra causaria maior concentração no mercado, o negócio não deve ser aprovado sem restrições, diz o especialista em telecomunicações Arthur Barrionuevo, exconselheiro do Conselho Administrativo de Defesa Econômica.
- Ainda é difícil avaliar, mas poderia haver uma compensação, como a venda de parte dos ativos para uma quarta empresa - entende Barrionuevo.
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Para Luís Minoru, diretor de consultoria da PromonLogicalis, a consolidação do setor de telefonia no país tem como principal motor a tentativa das empresas de formar maior musculatura financeira para atender à grande necessidade de investimentos em infraestrutura devido à demanda cada vez maior por conectividade no país. Apesar de o mercado crescer, observa Minoru, quem está lucrando mais com essa tendência não são as companhias de telefonia, que arcam com o custo de formar a infraestrutura, mas as fabricantes de dispositivos móveis e empresas como Facebook, Google e Netflix, que têm modelo de negócio diferente, capturando receitas por outros meios, como publicidade, e não diretamente dos clientes.
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Outro detalhe que incita as especulações sobre as empresas que operam no Brasil, lembra o especialista, é que alguns controladores no Exterior - caso da Telecom Itália, dona da TIM - passam por dificuldades financeiras. Com isso, acabam sugando mais os recursos gerados no país e têm menor capacidade de investimento. A dívida da Telecom Italia é de cerca de 30 bilhões de euros.
Uma das maiores dúvidas que ainda cercam o negócio é como seriam distribuídos os clientes. A tarefa caberia à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), que, por enquanto, não se pronuncia sobre o assunto. As entidades de defesa do consumidor prometem acompanhar de perto a situação para não permitir que clientes sejam prejudicados.
Para a operação se concretizar, porém, outros nós ainda precisam ser desatados. Um deles envolve a Oi, que dependeria de recursos que seriam obtidos com a venda de sua participação na Portugal Telecom, outra vítima de dificuldades de caixa.
Luís Minoru, diretor da consultoria PromonLogicalis
A complexidade da operação é muito grande. Como (a TIM) seria fatiada? Por regiões? Por camada, com a infraestrutura de rede ficando com uma empresa e a área de TI com outra?
Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Proteste
Vamos acompanhar o processo para amenizar os riscos aos clientes. Por enquanto, não sabemos qual será o percentual da distribuição.