Era quase possível ouvir o eco dos mestres de Joaquim Levy durante as - poucas - informações que deu na mais esperada solenidade de indicação de ministros. Até o economês mais fechado, que o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, procurava evitar, apareceu com força. Nesse particular idioma, deu recados mais do que claros.
Disse que tem "o desafio do reequilíbrio macroeconômico".
Tradução: vai corrigir o que deu errado na economia.
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As medidas serão "não digo graduais, mas sem nenhuma grande surpresa" e "escolhas serão feitas de tal maneira que os agentes possam decidir com tranquilidade".
Tradução: vai tentar devolver um dos bens mais preciosos para empresas e consumidores, saber o que lhe espera no dia seguinte.
Advertiu, ao comentar a baixa taxa de poupança, que "o governo federal dará o exemplo, aumentando sua poupança, que é o superávit primário. E contribuirá para que outros entes sigam o mesmo caminho."
Tradução: é bom que todos se preparem para gastar menos.
E ainda fez questão de reforçar "o compromisso com a transparência de suas ações e o fortalecimento da comunicação de seus objetivos e prioridades, com dados tempestivos, abrangentes e detalhados que possam ser avaliados por toda a sociedade".
Tradução: terminaram as operações de contabilidade criativa, maquiagem de números ou "pedaladas" de despesas.
Nas reticências e nos silêncios de Levy também há sinais importantes. Perguntado se a presidente Dilma Rousseff lhe deu autonomia, saiu-se com um primor de retórica: "Dizer uma coisa ou outra não tem muito sentido hoje, porque vamos ver no dia a dia como ocorre". Uma das palavras mais pronunciadas por Levy foi "ritos". E foi assim que encerrou, com humor típico de dirigente críptico: "Vamos manter os processos e os ritos. Não estamos aqui em nenhuma agonia, vamos estar tranquilos por que é a maneira boa de lidar com desafios".