
Com a economia em ritmo lento e a desconfiança dos investidores em relação ao governo, o ano não está sendo fácil para as empresas listadas na Bolsa de Valores. Mesmo com a recuperação dos últimos dias, de janeiro até agora, o Ibovespa, principal índice acionário do país, já caiu quase 4%. E para alguns o ano está sendo ainda pior.
No caso das empresas do Grupo EBX, criado pelo empresário Eike Batista, pode-se dizer que 2014 está sendo tão desastroso quanto 2013, ano em que estourou a crise da holding. O preço das ações diminuiu tanto que, atualmente, nenhum papel é negociado por mais de R$ 0,60 na bolsa brasileira.
Apesar dos esforços de credores, investidores e do próprio Eike para reestruturar as companhias, a falta de resultados concretos ou sequer indícios de uma retomada colocaram as ações dessas empresas entre as menos valiosas da bolsa (confira o gráfico abaixo).
- Quando foi feita a reestruturação do grupo, a ideia era tentar salvar e aproveitar os projetos. Mas não houve nenhuma evolução - avalia Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos. - As empresas têm projetos, mas que não estão entrando em operação e nem gerando resultados.
A principal empresa criada por Eike, a OGX (mudou de nome para Óleo e Gás Participações e não é mais controlada pelo empresário) é o símbolo do mau momento do ex-bilionário. Sem conseguir tirar projetos do papel e incapaz de entregar os resultados prometidos, a petrolífera viu seu valor de mercado derreter e as dívidas aumentarem em 2013. Em outubro do ano passado, entrou com pedido de recuperação judicial junto à Justiça do Rio de Janeiro.
Em 2010, a ação da companhia chegou a custar R$ 23,27. Hoje, vale oito centavos. A desvalorização ajudou a derrubar o preço de todas as outras empresas de capital aberto que pertenciam ao grupo.
Para analistas, faltou diligência aos investidores
No auge de seu valor de mercado, em 2012, as empresas "X" ajudaram a colocar Eike entre os 10 homens mais ricos do mundo, de acordo com a revista Forbes. Na época, a fortuna do empresário foi avaliada em US$ 34,5 bilhões pela publicação. Hoje, seu patrimônio é inferior a US$ 100 milhões, e é possível que ele tenha mais dívidas do que dinheiro.
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Para Müller, tanto no caso da OGX quanto de outras do grupo, faltou a muitos investidores discernimento para perceber o que as empresas estavam produzindo de concreto e o que realmente poderiam gerar de resultados.
- O que essas empresas tinham eram os projetos. Muitos investidores entraram acreditando nos planos apresentados pelo Eike. E quando as ações estavam no seu auge, os investidores não olharam tanto o que estava saindo de resultado. Muita gente foi movida pela ganância. Faltou diligência para os investidores - afirma.
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A partir do colapso da OGX, Eike e os credores passaram a articular estratégias para tentar manter de pé as outras empresas do grupo. O magnata começou a se desfazer do controle de suas companhias e de parte de seu patrimônio. Sob nova direção, várias delas buscaram se distanciar da imagem do empresário, inclusive mudando de nome.
Agora, longe dos holofotes e sem novidades positivas à vista, essas empresas devem seguir penando em 2015. Prova disso é que, há poucas semanas, a Eneva (antiga MPX, controlada pelo grupo alemão E.ON) entrou com pedido de recuperação judicial e se somou à OGX , OSX e MMX.
- Hoje, essas são "ações de mico". Os investidores compram na esperança de um fato novo jogar o preço pra cima, mas na verdade são papéis de risco altíssimo e que dependem muito de movimentos especulatórios - explica o analista da Geral Investimentos.