Até onde vai o dólar?, perguntam-se todos os dias milhões de brasileiros. Ninguém com responsabilidade arrisca a resposta, que vale outros milhões, embora exista certo consenso sobre seu "ponto de equilíbrio": em torno de R$ 3.
O que para a maioria é uma maxidesvalorização - a queda do real acumula mais de 40% em um ano -, para os especialistas é um reposicionamento, depois do freio artificial imposto pelo governo.
Presidente da Associação dos Exportadores do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, está entre os brasileiros perplexos com movimentos como o de ontem, quando a cotação tocou em R$ 3,28 e se acomodou, no fechamento, perto de R$ 3,25.
Dólar caro ajuda a exportar, mas Castro pondera que a instabilidade da moeda mais atrapalha do que ajuda a fechar vendas para o Exterior. O importador sabe que houve um movimento forte por aqui e quer "dividir o lucro" da operação. E tudo, na sua avaliação, é resultado de especulação e medo.
- Lá no interior de Minas, a gente dizia que não se deve fugir do rastro da onça, só da onça - diz o mineiro de Leopoldina.
Embora identifique tendência de alta do dólar em todo o mundo, inclusive em relação ao euro, Castro pondera que o grosso do efeito neste momento é interno. E tão imprevisto que o profissional habituado a monitorar o câmbio tem um problema doméstico semelhante ao de muitos brasileiros: uma filha vai viajar ao Exterior em breve, e não comprou com antecedência todo o valor de que precisa. Agora, vai ter de pagar mais.
Na avaliação de Castro, o dólar voltará a se acomodar, mas não se sabe quando. Em algum momento, projeta, o Banco Central deve voltar a oferecer contratos para moderar a decolagem do dólar:
- Está claro que a ração diária não é suficiente.
Se não o fizer, vai alimentar ainda mais temores e especulações sobre a economia brasileira.