Não preocupa o mercado só a eventual falta do valor que o governo esperava arrecadar com a aumento na cobrança de tributos sobre a folha de pagamento. Embora corresponda a quase 10% do resultado de superávit primário prometido pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a quantia poderia ser reposta.
Mas a retaliação do presidente do Senado, Renan Calheiros, contra o governo a quem responsabilizaria por não tê-lo livrado da Lista de Janot não é o único entrave na recomposição da economia destinada a pagar os juros da dívida pública.
Há fortes resistências a restrições a benefícios como seguro-desemprego e pensão por morte. A desconfiança de que seria possível alcançar a meta de produzir "sobra de caixa" de 1,2% do PIB, que cercava o governo desde seu anúncio, só aumentou. E foi decisiva para levar o dólar à órbita dos R$ 3 nesta quarta-feira.
A cotação mais alta dos últimos 10 anos, é bom lembrar, nem chega perto do pico de 2002, quando bateu em R$ 3,98. Corrigida só pela inflação brasileira, corresponderia hoje a R$ 8. Pela lente otimista, a alta do dólar atrai capital especulativo, lembra o especialista em câmbio Sidnei Nehme.
Entre a alta do dólar e o novo aumento do juro, o Brasil pode atrair a dinheirama que no passado foi sujeita a restrições do governo. Eram os tempos de um temido "tsunami monetário". Agora, até que uma marola de verdinhas seria bem-vinda.