Está difícil, não se pode negar. A inflação sobe e a economia encolhe, uma situação tão pouco usual que sequer tem um nome. Nos manuais de economia e em outras latitudes, quando o PIB entra em declínio, costuma arrastar os preços para baixo. No Brasil, cada indicador vai para um lado. Muitas empresas congelam investimentos, outras demitem. Mas é bom prestar atenção em outros sinais.
Até há pouco, só o que se via no mercado de capitais era desvalorização ou estagnação. No mês que terminou quinta-feira, a Bolsa de São Paulo subiu 10%, e as ações mais negociadas, as da Petrobras, acumulam alta de 48%. Certo, só estão devolvendo parte do que perderam, mas estancaram a queda e até se recuperaram.
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Até há pouco, só o que se lia sobre o Brasil em relatórios de instituições internacionais era cercado de descrédito e preocupação. Na quinta, uma análise do HSBC se saiu com esta frase sobre o momento: "A perspectiva imediata é claramente desafiadora, mas o cenário de longo prazo é mais luminoso". E, também é certo, é a síndrome que leva o Brasil de volta ao papel de "país do futuro", quando queríamos luz sobre o presente.
Passou o primeiro terço de 2015. Empresas seguem fazendo planos - algumas com mais cautela e vagar, é certo -, consumidores redescobrem fórmulas para fazer o dinheiro render em tempos de aperto. É preciso prender o fôlego e atravessar a tal "perspectiva imediata". Quem viveu mais garante que há boas chances de o túnel terminar.