Com apoio de aliados como Michel Temer, o ministro da Fazenda vai longe. Ontem, o vice-presidente "reivindicou" que Joaquim Levy seja tratado como "Cristo", por ter "sofrido muito", antes de uma "vitória extraordinária". A ideia foi defender que Levy não vire "um Judas", que teria traído a causa. Alvo de ataques da base de apoio e afagos da oposição, Levy testa a ortodoxia das relações no Planalto e sua própria resiliência em ambiente hostil.
Pior é que Temer se saiu com a comparação de gosto mais do que duvidoso justo na véspera da apresentação do plano com o qual a presidente Dilma Rousseff quer começar a mudar o rumo da prosa na economia, de cortes, tarifaços e aumentos de impostos para investimento e ampliação da infraestrutura.
Uma das dificuldades, no anúncio desta terça-feira, será acertar o tom do discurso. Falar em retomada de curto prazo graças aos ainda potenciais investimentos que podem vir com o pacote de concessões é prometer o inatingível. A própria confirmação do interesse de investidores vai demorar algum tempo. Muitos dos leilões terão de esperar por 2016 para buscar eventuais interessados.
Mas também é importante expor uma parte importante da economia brasileira que não está parada nem engatou a marcha a ré. Segue fazendo planos para um futuro não muito distante, quando os efeitos do ajuste terão se suavizado. Uma grande quantidade de empresários brasileiros e empreendedores do Exterior terão oportunidade de demonstrar se, são, de fato, mais eficientes do que o Estado na gestão de serviços públicos.