Mesmo deixando claro que não perdoa a expressão "herança maldita" para se referir à situação econômica em que deixou o país, o ex-ministro Pedro Malan fez com elegância suas críticas à administração das finanças do Brasil, em especial desde 2006, com o que chamou de " inflexão desenvolvimentista".
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Convidado para abrir o 26º Congresso Nacional de Executivos de Finanças, nesta segunda- feira à noite, Malan também não fugiu da comparação entre as transições FHC 1 e FHC 2, nem com a passagem de FHC para Lula. Primeiro, voltou a agosto de 1998, quando a Rússia pediu moratória de sua dívida e o fundo americano LTCM, o que foi decisivo para que o Brasil precisasse de ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Na época, lembrou Malan, o governo mudou o regime cambial, estabeleceu o sistema de metas de inflação e fez um programa plurianual de previsões de superávit fiscal que, segundo ele, foi "cumprido à risca". Depois, lembrou que em 2002, o dólar quase dobrou de valor entre abril e outubro de 2002, durante a eleição que culminou com a vitória de Lula, gerando um desequilíbrio que, graças a uma "política macroeconômica não petista", foi rapidamente revertido.
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Nesta transição, observou Malan, estão combinadas incertezas políticas, econômicas e uma investigação de "envergadura inédita" que, em sua avaliação, aumenta a insegurança. Apesar de "rara", afirmou, a situação precisa ser enfrentada porque "nenhum país se suicida coletivamente".
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Apesar de sugerir que a solução para os problemas atuais do Brasil não será simples nem rápida, Malan apontou "condições básicas" para perseguir esse caminho: a força e a inserção global do setor privado, incomparável a qualquer outro país em desenvolvimento, ilhas de excelência no setor público, uma imprensa investigativa independente do governo e, frisou, nenhum espaço para retrocesso democrático.
