Ao final de sua reunião de dois dias, nesta quarta-feira, o Federal Reserve entregou o que o mercado esperava: confirmou a taxa de juro na mínima histórica. Depois de dados mais fracos do mercado de trabalho em setembro, não havia expectativa de alta nesse encontro.
No comunicado, porém, os diretores do banco central dos EUA deixaram aberta a porta para uma alta ainda em 2015. O Fomc (sigla em inglês do comitê que decide sobre o juro) terá reunião 14 e 15 em dezembro.
A principal mudança em relação ao comunicado anterior, de setembro, é sobre o cenário externo. No mês passado, a presidente do Fed, Janet Yellen, expôs a inquietação com efeitos em países emergentes, principalmente a China.
Esse temor quase sumiu no texto divulgado nesta quarta, e o banco volta a focar no próprio quintal, especialmente na inflação – que também insiste em não subir nos EUA, reduzindo a pressão de alta.
Como o Fed não eleva o juro básico há mais de nove anos, há quase uma geração inteira que desconhece efeitos da mudança no ''preço interno do dólar''. Uma das preocupações do Fed é não repetir a história. Em 1979, quando Paul Volcker assumiu a presidência do banco, elevou o juro básico de forma abrupta, para combater a inflação.
Essa foi a gênese da crise da dívida nos países latino-americanos, do México ao Brasil, o marco zero da ''década perdida'' dos anos 1980. A intenção do Fed é dar tempo para os emergentes se prepararem. Fragilizado, o Brasil tem pouco a fazer. E pode receber um presente de gringo de Natal.