
A greve dos servidores da Petrobras, que está no terceiro dia no Estado, poderá afetar o abastecimento de postos de combustível. Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes no Rio Grande do Sul (Sulpetro), Adão Oliveira, os estabelecimentos, por enquanto, operam normalmente, pois a Petrobras possui um estoque de segurança. Ele alerta, no entanto, que há risco de as bombas esvaziarem se a paralisação se arrastar por mais dois ou três dias.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Petroleiros no Estado (Sindipetro-RS), Fernando Maia da Costa, em 20 anos, esta é a primeira greve da categoria por prazo indeterminado, e a mudança de postura ocorreu porque a empresa estaria "mais intransigente" nas negociações, as quais começaram em julho.
Greve de petroleiros atinge operações da Petrobras em Canoas e Rio Grande
Petroleiros no Estado aderem à greve nacional
Cerca de 70% dos 800 funcionários da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, estão de braços cruzados, conforme o Sindipetro, em protesto contra a reestruturação da Petrobras que está vendendo ativos para reduzir dívidas. Nesta terça-feira, os grevistas montaram um piquete em frente à empresa. Eles também pedem a retirada de proposta que altera o acordo coletivo da categoria.
– Se a empresa continuar intransigente, vamos manter a mobilização e intensificá-la, e aí pode ter como reflexo o desabastecimento – disse Costa.
A greve é nacional e começou na última quinta-feira, abrangendo refinarias, plataformas marítimas e terminais de distribuição. Foi desencadeada pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), que tem cinco sindicatos filiados, seguida depois pela Federação Única dos Petroleiros (FUP), à qual o Sindipetro-RS é ligado, assim como outros 11 sindicatos. A FNP reivindica aumento salarial de 18%, mas a Petrobras oferece 8,1%.
Responsável pela garantia do abastecimento nacional de combustíveis, a Agência Nacional do Petróleo, Gás natural e Biocombustíveis (ANP) afirmou, nesta terça-feira, que a greve dos petroleiros ainda não põe em risco o suprimento ao mercado nacional. "A ANP tem como função garantir o abastecimento nacional de combustíveis. No momento, não há risco de desabastecimento. Caso haja, a ANP tomará as medidas cabíveis", disse a agência, em nota.
Em nota enviada à imprensa, a estatal reitera que está tomando todas as medidas necessárias para garantir o abastecimento. Confira abaixo a íntegra do comunicado:
A Petrobras informa que a greve coordenada pelas entidades sindicais afeta as operações da companhia. Na segunda-feira houve queda de produção de 273 mil barris de petróleo, o que corresponde a 13% da produção diária no Brasil. Adicionalmente, 7,3 milhões de metros cúbicos de gás natural deixaram de ser oferecidos, o que equivale a 14% do gás ofertado diariamente ao mercado brasileiro. A Petrobras estima que, ao final do desta terça-feira (3/11), a produção de petróleo no Brasil apresente uma redução de 8,5% e que 13% do gás deixe de ser oferecido quando comparado à produção diária anterior à greve. Com a perda de produção, a arrecadação de tributos recolhidos em favor da União Federal, estados e municípios, como os royalties e a Participação Especial é diretamente impactada. A Petrobras está tomando as medidas necessárias para garantir a manutenção de suas atividades, preservando suas instalações e a segurança de seus trabalhadores. A companhia reitera que, apesar do efeito na produção de petróleo e gás no Brasil, resultante do movimento grevista, a distribuição está funcionando dentro da normalidade e não há previsão de desabastecimento do mercado.