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O Rio Grande do Sul perdeu fôlego no ranking brasileiro de exportações no primeiro trimestre deste ano. Com 6,9% das vendas do país para o Exterior, o Estado foi ultrapassado por Mato Grosso e Paraná e caiu para a sexta posição da lista nacional.
A informação foi apresentada pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) nesta terça-feira. A título de comparação, nos primeiros três meses de 2015, a parcela gaúcha nas exportações brasileiras chegava a 7,2%.
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As vendas do Estado para o Exterior somaram US$ 2,809 bilhões no primeiro trimestre de 2016 – uma redução de US$ 284,6 milhões em relação ao mesmo período do ano anterior. Conforme a FEE, a receita em dólar retraiu-se com maior intensidade no Rio Grande do Sul (-9,2%) do que nacionalmente (-5,1%), registrando o menor valor para o período desde 2010.
O crescimento do volume embarcado, entretanto, não foi suficiente para evitar o resultado negativo nos primeiros três meses de 2016. O Estado registrou alta de 10,4% nesse quesito – o aumento nacional foi de 18,2%. Mesmo com quedas similares nos preços (-17,7% no RS e -19,7% em todo o Brasil), o desempenho gaúcho ficou abaixo do nacional.
Pesquisador da FEE, Tomás Torezani avalia que a retração no valor exportado está relacionada à baixa dos preços dos produtos, na medida em que o volume embarcado continua evoluindo positivamente.
"Tal retração em preços é influenciada pelo recuo dos preços internacionais das commodities e da depreciação do real frente ao dólar, a qual torna os produtos brasileiros mais baratos no Exterior", explica Torezani, em um comunicado divulgado pela fundação.
Principais produtos e destinos
Os cinco principais produtos exportados pelo Rio Grande do Sul no primeiro trimestre de 2016 foram fumo em folhas (9,8% do total geral), polímeros plásticos (9,5%), carne de frango (7,9%), celulose (6,1%) e farelo de soja (5,1%). Já os mercados compradores de maior destaque foram Estados Unidos (10,6% do total), China (9,7%), Argentina (9,1%), Alemanha (3,2%) e Uruguai (3%).
Grupos
A redução das divisas de exportação ocorreu nos grupos de produtos básicos (baixa de US$ 276,1 milhões, ou -19,6%) e nos manufaturados (queda de US$ 137,8 milhões, ou -9,8%). Por outro lado, houve elevação das vendas de semimanufaturados (US$ 143,6 milhões, ou 57,8%), com o aumento das receitas de celulose (US$ 148,7 milhões; 669,2% em valor e 700,2% em volume), especialmente para a China. Esse grupo de produtos registra baixa participação nas exportações gaúchas: 14%. Enquanto isso, os produtos básicos contribuíram com 40,2%, e os manufaturados, com 45%.
O desempenho negativo do grupo dos produtos básicos foi puxado principalmente pelo recuo das vendas de trigo em grãos (US$ 138,8 milhões; -66,1% em valor, -57,5% em volume e -20,2% em preço) e de farelo de soja (US$ 95,9 milhões; -40,0% em valor, -21,5% em volume e -23,7% em preço).
A retração de US$ 137,8 milhões das exportações de produtos manufaturados foi explicada especialmente pelo recuo nas vendas de máquinas e aparelhos para uso agrícola, ônibus e motores para veículos automotores.