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A taxa de desemprego no país se manteve em 11,8% no terceiro trimestre deste ano, atingindo 12 milhões de brasileiros, no maior patamar já registrado pela série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo período do ano passado, esse índice era de 8,9%, e quase 9 milhões de pessoas estavam desempregadas.
Embora permaneça estável em relação ao trimestre anterior, encerrado em agosto, o percentual pode voltar a subir nos próximos meses, alertam especialistas. Efeitos sazonais – como as contratações temporárias de fim de ano – e o fato de muitos brasileiros estarem desistindo de procurar ocupação ajudam a explicar a manutenção do índice.
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De acordo com o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas, a estabilização em relação ao trimestre passado não é sinal de melhora Pelo contrário. E a expectativa, segundo Holanda, é de aumento pelo menos até o segundo semestre do próximo ano.
– Acontece o que o IBGE chama de desalento. As pessoas perdem o emprego, ficam procurando durante algum tempo, mas, quando percebem que a situação não está fácil, desistem. O último dado mostra que nunca tivemos tão pouca gente trabalhando. É um ano de destruição de emprego – diz Holanda.
Segundo o IBGE, a população inativa no país alcançou a marca recorde de 64,642 milhões de pessoas no terceiro trimestre de 2016. O montante representa aumento de 1,9% em relação ao terceiro trimestre de 2015. Na comparação com o segundo trimestre do ano, a alta foi de 1,2%. Em um ano, o país perdeu 1,306 milhão de vagas com carteira assinada.
Professor da Universidade Estadual de Campinas, o economista Anselmo Luis dos Santos concorda que ainda não há motivo para otimismo. Ele avalia que a taxa de desemprego pode voltar a bater recorde a partir de janeiro, quando as buscas por emprego tendem a crescer. Para Santos, os dados da Pnad refletem ajuste temporário, impulsionado pelos empregos de final de ano. A redução da taxa básica de juro e a retomada de investimentos poderiam ajudar a melhorar a perspectiva futura.
– Quando a economia crescia, nesta época do ano a gente via quedas expressivas de desemprego. Não é o que está acontecendo agora.
Por enquanto, a estabilização pode ser o melhor dos cenários até 2018, segundo Carlos Alberto Ramos, professor do Departamento de Economia da Universidade de Brasília.
– Fora os efeitos sazonais, em termos de longo prazo, até que o crescimento retorne, realmente não vai ter reversão robusta dessa taxa, e isso ainda vai demorar muito. Não vai ser para amanhã – afirma Ramos.
Os dados estaduais serão divulgados pelo IBGE no próximo mês. Na quarta-feira passada, pesquisa da FEE, Dieese e FGTAS mostrou que o desemprego aumentou pelo segundo mês consecutivo na Região Metropolitana – a taxa passou de 10,7% em agosto para 11% em setembro.