
O desemprego no Brasil recuou de 13% para 12,8% entre maio e julho na comparação com os três meses anteriores e, agora, atinge 13,3 milhões de brasileiros. Em relação ao último trimestre móvel, que inclui abril, maio e junho deste ano, houve redução de 721 mil pessoas sem ocupação no mercado de trabalho.
Com isso, apenas 36% da população brasileira ocupada trabalha com carteira assinada. Ou seja: das 90,7 milhões de pessoas ocupadas no país, somente 33,3 milhões têm carteira assinada. No total, 104 milhões de brasileiros estão em condição para trabalhar, de acordo com os números da Pnad Contínua, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira (31).
No período de maio a julho deste ano, a população ocupada aumentou 1,6% na comparação com o trimestre anterior. O número representa acréscimo de 1,4 milhões de trabalhadores na informalidade.
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De acordo com o IBGE, no entanto, o número de empregados com carteira assinada se manteve estável frente ao trimestre anterior (33,3 milhões de pessoas). Já em relação ao mesmo período de 2016, houve queda de 2,9% no percentual de trabalhadores com carteira assinada (menos um milhão de pessoas) no trimestre encerrado em julho.
Na contramão, o número de empregados sem carteira assinada cresceu 4,6% na comparação com o trimestre anterior (mais 468 mil pessoas) e 5,6% diante do mesmo período do ano passado (mais 566 mil pessoas).
A renda média real do trabalhador foi de R$ 2.106,00 no trimestre encerrado em julho. O resultado representa alta de 3% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo o IBGE. A massa de renda real habitual paga aos ocupados somou R$ 186,1 bilhões no trimestre até julho, alta de 3,1% ante igual período do ano anterior.
Qualidade das vagas de emprego é questionável, avalia IBGE
O mercado de trabalho mostra recuperação, acompanhando a melhora na atividade econômica, mas o avanço ainda é calcado na geração de vagas informais, com qualidade questionável, avaliou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
– Existe sem dúvida uma recuperação acontecendo em termos quantitativos, de geração de postos. Mas a qualidade desses postos é questionável, uma vez que dois terços deles estão nessa plataforma informal – ressaltou Azeredo.
No trimestre encerrado em julho, foram criados 1,439 milhão de postos de trabalho, em relação ao trimestre encerrado em abril, segundo os dados da Pnad Contínua. Houve geração de 54 mil vagas com carteira assinada no setor privado, mas Azeredo lembra que o movimento não foi estatisticamente significativo, estando sujeito à margem de erro.
– Esse resultado pode ser negativo no mês que vem, pode ser uma variação em função da amostra – relativizou.
Outras 468 mil vagas foram abertas sem carteira assinada no setor privado, enquanto o contingente de pessoas atuando por conta própria cresceu em mais 351 mil indivíduos.
– Se não houver um processo de recuperação imediata, ou de médio prazo, de entrada de trabalhadores formalizados no mercado de trabalho, isso pode gerar problema futuro. Essas pessoas não estão cobertas pela Previdência, não têm acesso a seguro desemprego. Isso pode até atrapalhar o comércio – alertou Azeredo.
Segundo ele, o aumento da informalidade dificulta a recuperação da atividade econômica.
– O país não se desenvolve em cima de uma plataforma informal – resumiu.
A boa notícia em julho foi o avanço de 1,3% na massa de renda paga aos trabalhadores ocupados, a primeira alta significativa desde o trimestre encerrado em outubro de 2014.
– O rendimento está estável, mas a população ocupada subiu – lembrou Azeredo.
Segundo o pesquisador, a alta na massa de rendimento pode fazer o mercado de trabalho entrar num ciclo virtuoso, uma vez que aumenta o volume de dinheiro em circulação na economia, estimulando consumo e produção, consequentemente a geração de novas vagas.