Reunidos na sala Guaíba 2 do Hotel Deville, na Capital, membros do diretório nacional do PT debatem temas que fazem parte do seminário "Desafios do Modo Petista de Governar", mas acabam se impondo questões sobre o modo petista de se candidatar.
A política nacional de alianças do partido e a disposição de bancar a candidatura própria (encabeçada por Adão Villaverde) na Capital entraram em choque na quinta-feira, quando o presidente nacional da legenda, Rui Falcão, teria manifestado a disposição de negociar com a direção petista gaúcha um acordo com o PC do B.
Presidente do PT afirma que candidatura de Villaverde "está consolidada"
PT pressiona por retirada de candidatura em Porto Alegre
Em troca do apoio ao nome de Manuela D'Ávila em Porto Alegre, o que implicaria o fim da candidatura de Villaverde, os comunistas se juntariam à chapa encabeçada pelo petista Fernando Haddad em São Paulo.
A ideia enfrentou forte resistência da parte de lideranças do PT gaúcho. No final da manhã desta sexta, no hotel Deville, corria nas conversas de bastidores a convicção de que está descartada a hipótese de desistência da candidatura própria em Porto Alegre. A própria assessoria de Rui Falcão negou qualquer movimento no sentido de cancelar a candidatura de Villaverde na Capital.
Entretanto, líderes defendem a ideia de que deve ser valorizada uma estratégia nacional de alianças, o que envolve um contexto maior que os pleitos de Porto Alegre e São Paulo. O ex-governador Olívio Dutra, que precisou sair do encontro mais cedo devido a um compromisso, defendeu o papel da direção central do partido no processo decisório das eleições:
- A função do diretório nacional é fazer cumprir as políticas definidas no Congresso do partido. Não é uma impostura; é um papel político. A esquerda brasileira deve à nação uma discussão sobre o seu projeto estratégico. Isso envolve a alternância entre partidos no poder e não pode ser definido em véspera de eleição - afirmou Olívio, frisando que o partido não usa candidaturas e alianças como moedas de troca, uma prática que julga ser indistinta do tipo de política que o PT repudia.
Por volta do meio-dia, Villaverde, acompanhado do presidente estadual do partido, Raul Pont, e do secretário estadual de Planejamento, João Motta, saiu da sala onde acontece o encontro dos líderes nacionais e se fechou em outro recinto por cerca de 40 minutos. O teor do encontro reservado não foi informado.
Ao final do encontro, Villaverde evitou comentários. No entanto, afirmou que a informação de que existiria pressão da cúpula nacional para a retirada de candidatura é "ficção científica". Adeli Sell, presidente municipal do PT, afirmou que nunca houve qualquer movimentação pelo fim da candidatura do partido na Capital.
José Dirceu evita falar com a imprensa
Um dos principais articuladores da política petista, o ex-ministro José Dirceu participa das reuniões no Deville. Réu no processo que julga o mensalão, Dirceu disse aos repórteres que foi orientado por seu advogado a não falar com a imprensa.
No saguão, antes da reunião, o cacique petista e Raul Pont estiveram lado a lado, no estande de credenciamento, mas um observador desinformado julgaria que fossem dois estranhos, pois os líderes nem sequer se cumprimentaram.