
O pai do autor da chacina na boate gay Pulse, em Orlando, na Flórida, expressou a sua tristeza pelo fato de seu filho ter realizado o ataque. No entanto, afirmou que "cabe a Deus punir os homossexuais".
Em um vídeo postado no Facebook, Seddique Mateen declarou estar de luto pelo atentado, que deixou 49 mortos, mas definiu o seu filho de 29 anos, Omar Mateen, que também morreu, como "um homem bom e educado".
- Estou profundamente triste e anunciei isso ao povo dos Estados Unidos - relatou Seddique no vídeo de três minutos.
- Que Deus guie a juventude e permita a ela seguir o verdadeiro Islã - acrescentou Seddique, que usava terno escuro e falava em idioma dari, um dos dois oficiais do Afeganistão.
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Ele também afirmou estar se dirigindo "ao bom povo do Afeganistão e a todos seus compatriotas" com o objetivo de anunciar a morte de seu filho.
- É uma notícia triste - definiu.
Seddique expressou seu espanto por seu filho ter realizado a chacina durante o mês muçulmano sagrado do Ramadã.
- Meu filho Omar Mateen era uma pessoa muito boa. Era casado e pai de um menino. Respeitava sua família. Não sabia que tinha esse ódio no coração - salientou.
O pai disse que o seu filho trabalhava para uma empresa de segurança, onde conseguiu uma arma.
- Não entendo. Ele foi a um clube para homossexuais e matou 50 deles - acrescentou.
Na véspera, no calor dos acontecimentos, ele foi entrevistado e afirmou acreditar que a ação de seu filho foi motivada por seu ódio aos gays, e não pela religião muçulmana.
- Não teve nada a ver com religião - declarou à rede NBC.
Seddique também contou, na entrevista, que Omar Mateen expressou revolta ao ver um casal gay trocando carinhos recentemente no centro de Miami e sugeriu que isso pode ter motivado a ação violenta ocorrida na boate.
- Ele viu dois homens se beijando em frente à sua mulher a ao seu filho, e ficou muito irritado - frisou.
Seddique é uma espécie de celebridade nos círculos políticos afegãos nos Estados Unidos e apresenta um programa de TV no qual expressa suas opiniões gerais, às vezes usando traje típico ou então uniformes militares.
No programa Durand Jirga Show, disponibilizado no YouTube, ele critica o governo paquistanês e anuncia a intenção de disputar a presidência do Afeganistão. Também elogia os talibãs e os chama de "irmãos guerreiros" em um dos vídeos.
- Os talibãs são 100% afegãos - ressaltou.
No entanto, a simpatia pelo grupo extremista causa confusão, porque ele também critica vários líderes talibãs por suas alegadas ligações com os militares paquistaneses. Fontes no Afeganistão afirmam não saber exatamente quando a família Seddique abandonou o país em conflito.
- Tudo que podemos dizer é que ele (Mateen) é um cidadão americano com origem afegã. Ele vive nos Estados Unidos há décadas, e isso é tudo que sabemos através da imprensa - declarou uma fonte do governo afegão, sem querer ser identificada.
Uma fonte talibã negou, por sua vez, qualquer associação com a família, destacando que Mateen nasceu, viveu e trabalhou sempre nos Estados Unidos.
- Não o consideramos um jihadista - enfatizou.
O FBI admitiu que Mateen, que nasceu em Nova York, já havia sido investigado por possíveis vínculos extremistas, mas que não foi considerado perigoso. O Estado Islâmico assumiu a responsabilidade pela chacina, afirmando que o ato foi desempenhado por "um dos soldados do califado".
* AFP