Após a detenção de mais de 6 mil pessoas na Turquia, as forças de segurança do país solicitaram um mandato de prisão contra o chefe militar Ali Yazici, assistente do presidente Recep Tayyip Erdogan. É o início da resposta de Erdogan à tentativa de golpe militar ocorrida na última sexta-feira, que deixou mais de 265 mortos e 1.440 feridos.
De acordo com a agência de notícias estatal Anadolu, mais 100 juízes e 60 militares foram presos neste domingo. Entre os detidos está o general Bekir Ercan Van, comandante de uma base aérea turca usada por forças norte-americanas para lançar ataques sobre terroristas no Iraque e na Síria. Também foi preso o general Ozhan Ozbakir, comandante de uma guarnição no sudoeste da Turquia.
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O que se sabe até o momento sobre a tentativa de golpe na Turquia
O presidente Erdogan prometeu "limpar" os postos e cargos do governo ocupados por dissidentes, comandantes militares e soldados identificados com a tentativa de golpe de Estado, e alertou a população de Istambul sobre o perigo de novos conflitos acontecerem.
A "limpeza", segundo o presidente, servirá para retirar de suas funções todos os servidores civis e militares que apoiam o clérigo Fethullah Gulen, residente nos Estados Unidos, acusado pelo governo turco de ter orquestrado a tentativa de golpe. O presidente turco disse que o "grupo Gullen" é o responsável pela o que ele chamou de "ruína" das forças armadas.
As relações turco-americanas passam por momento de estremecimento depois das acusações do presidente Erdogan de que o clérigo estaria por trás do golpe de estado. Por causa disso, o Departamento de Estado dos Estados Unidos divulgou um comunicado negando qualquer ligação do governo norte-americano com os eventos.
"Insinuações públicas ou reclamações sobre qualquer papel dos Estados Unidos na fracassada tentativa de golpe são totalmente falsas e prejudiciais para as nossas relações bilaterais", disse o Departamento de Estado, na mensagem.
Segundo o secretário de Estado, John Kerry, a Turquia deve produzir provas da culpabilidade de Gülen. E acrescentou: "Gostaríamos de convidar o governo da Turquia, como sempre fazemos, para nos apresentar qualquer evidência legítima" que permita iniciar uma investigação a respeito.
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