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Na China

G-20 se reúne com pouca margem para reativar economia mundial

Conforme a OMC, cada país membro do grupo tomou mensalmente uma média de 20 medidas protecionistas; desde 2009, o crescimento dos intercâmbios comerciais entre as nações está estancado abaixo de 3%

AFP

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Os países do G-20 se reúnem neste fim de semana na China em um contexto de crescimento fraco, embora seja pouco provável que tomem grandes decisões para reativar a economia mundial. A cúpula deve ser marcada pelos interesses divergentes e pelos conflitos geopolíticos.

A China, que neste ano preside o fórum dos 20 países mais ricos do mundo, tem um programa modesto para a cúpula de chefes de Estado e de governo de 4 e 5 de setembro na cidade de Hangzhou: transformar a economia mundial para que seja mais "inovadora, vigorosa, interconectada e inclusiva", segundo o programa oficial.

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O contexto econômico mundial continua sendo sombrio e, após o Brexit no Reino Unido, o Fundo Monetário Internacional (FMI) rebaixou suas previsões de crescimento para 2016 e 2017 a 3,1% e 3,4%.

– Não há interesses comuns entre as principais economias mundiais – afirma Christopher Balding, professor de economia da Peking University HSBC Business School.

– Nota-se que há pouca urgência em tomar grandes iniciativas políticas em Hangzhou – avalia Qu Hongbin, um analista no HSBC.

Reunião

O G-20 reúne as principais economias mundiais dos países desenvolvidos e emergentes. Em conjunto, os países representam 85% do produto interno bruto mundial, assim como dois terços da população do planeta.

Em 2014, na cúpula da Austrália, os líderes do G-20 prometeram aumentar em 2,1% o crescimento do PIB até 2018, mas desde então o cenário se degradou. Em 2015, a porcentagem de cumprimento das promessas do G-20 caiu a 63%, segundo dados da Universidade de Toronto, que a atribui a estatística à falta de reformas estruturais.

Apesar de suas promessas de conquistar um crescimento forte, sustentável e equilibrado, o G-20 "não está cumprindo nenhum destes três objetivos", afirma Tristram Sainsbury, do centro de estudos do G-20 no Australia Lowy Institute.

Interesses divergentes

A diferença entre as situações econômicas de cada país dificulta a tomada de decisões conjuntas. Enquanto os Estados Unidos avaliam um aumento das taxas de juros, o Japão permanece em sua política de expansão monetária.

Além disso, a China continua gerando desconfiança pela desvalorização da moeda local, explosão da dívida e excesso de capacidade na produção – em especial do aço, questão que será tratada à margem da cúpula.

Os três países latino-americanos do G-20 também chegam com interesses distintos ao fórum. O Brasil está afundado em sua pior recessão em quase um século e vive uma profunda crise política que culminou no processo de impeachment de Dilma Rousseff.

Na Argentina, o governo de Mauricio Macri tenta lançar um amplo programa de reformas que gera protestos cidadãos, enquanto, no México, o endividamento público e as dificuldades do setor petrolífero acenderam alguns alarmes.

Barreiras comerciais

Em Hangzhou, também estarão sobre a mesa questões como a transparência financeira – após o caso dos Panama Papers –, a luta contra o financiamento do terrorismo e a colocação em prática do acordo sobre o clima de Paris.

Também não será fácil alcançar um acordo em matéria comercial devido ao ressurgimento da "mentalidade protecionista", afirma Andrew Polk, do Medley Global Advisors, à qual se soma o possível fracasso do grande acordo comercial entre Europa e Estados Unidos.

Desde 2009, o crescimento dos intercâmbios comerciais está estancado abaixo de 3%. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), em 2016, cada país membro do grupo tomou mensalmente uma média de 20 medidas que restringem o intercâmbio de bens.

Por sua vez, a União Europeia insistirá na necessidade de um "livre câmbio justo" e em lutar contra a sobreprodução industrial, segundo um diplomata europeu.

Conflitos mundiais

A cúpula do G-20 ocorre em um contexto de importantes conflitos, como a guerra na Síria ou as aspirações territoriais da China no mar da China Meridional, que podem marginalizar as questões puramente econômicas. No entanto, Pequim já advertiu que não quer politizar a cúpula.

Em Hangzhou, o presidente americano, Barack Obama, planeja se reunir com seu colega turco, Recep Tayyip Erdogan, para falar da Síria, onde o conflito é cada vez mais complexo desde a recente intervenção militar turca.


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