
A presidente sul-coreana Park Geun-Hye, envolvida em um escândalo de corrupção, afirmou, nesta terça-feira, que está disposta a deixar o cargo antes do fim de seu mandato, previsto para o início de 2018, e anunciou que deixará o Parlamento decidir seu destino.
– Deixarei a questão da minha saída e de uma redução do tempo de meu mandato ao que a Assembleia Nacional decidir. Quando os parlamentares determinarem as condições de uma transferência que minimize o vazio de poder e o caos na gestão governamental, sairei – afirmou Park em um discurso exibido na TV.
O anúncio é interpretado como uma tentativa da presidente de evitar a humilhação de um processo de destituição, já que a popularidade de Park Geun-Hye desabou por causa do escândalo de corrupção.
Leia mais
ONU: 16 mil civis fugiram do leste de Aleppo
Casa Branca considera difícil reverter diálogo com Cuba
Suspeito é morto após ferir nove pessoas na Universidade de Ohio
O escândalo político tem como pivô a amiga e ex-confidente da presidente, Choi Soon-Sil, detida por ter utilizado sua relação com Park para extorquir as grandes empresas sul-coreanas. A presidente é suspeita de "conivência" pelos promotores que investigam o caso. Desde que o escândalo explodiu, a cada sábado, são organizadas grandes manifestações em todo o país com pedidos de renúncia da presidente.
Antes do discurso de Park, vários parlamentares afirmaram que esperavam votar a destituição na próxima sexta-feira. Vários deputados governistas apoiam a medida radical proposta pela oposição. Em caso de aprovação pela Assembleia Nacional, a destituição da presidente precisa ser validada pela Corte Constitucional.
À espera da decisão da Corte Constitucional, a presidente é afastada do cargo e o primeiro-ministro assume de forma interina a função presidencial.
– Esperamos votar a destituição esta semana – declarou Woo Sang-Ho, líder da bancada do Partido Democrático, principal força da oposição.
Park Jie-Won, presidente do Partido do Povo, segundo maior da oposição, afirmou que a Assembleia Nacional decidirá, na sexta-feira, a destituição de Park.
Há alguns dias, a presidente Park pediu desculpas pelo caso Choim, mas descartou a possibilidade de renunciar ao mandato. Na Coreia do Sul, um presidente em exercício não pode ser processado por uma questão penal, exceto no caso de traição ou insurreição. No entanto, a imunidade presidencial acaba ao final do mandato.
Alguns analistas afirmaram que Park tentaria negociar a renúncia em troca da promessa de não ser julgada. Em um primeiro momento, a presidente aceitou ser interrogada pelos promotores e uma comissão independente do Parlamento. Há há dois dias, entretanto, ela vem mudando de opinião e seu advogado rejeitou as datas de interrogatório propostas pelo MP.