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O premier italiano, Matteo Renzi, anunciou neste domingo sua renúncia, após perder um referendo sobre a reforma constitucional no país.
– O "não" venceu de forma clara – declarou Renzi em entrevista coletiva, onde acrescentou:
– Assumo a responsabilidade pela derrota. Minha experiência como chefe de governo termina aqui. Amanhã apresentarei minha renúncia – antecipou o líder do Partido Democrático, que deverá entregar sua carta de demissão ao presidente do país, Sergio Mattarella.
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– Perdi. Mas na política italiana ninguém perde nunca. Não ganham, mas ninguém perde. Eu perdi, e digo isto em voz alta – declarou Renzi.
O premier havia vinculado sua permanência no cargo ao resultado do referendo, que perdeu por uma diferença de 10 pontos, que dificilmente poderá ser revertida, segundo a boca de urna. Com a apuração dos votos praticamente encerrada, 59,6% dos eleitores votaram pelo "não", segundo o Ministério de Interior italiano.
– Foi uma festa da democracia. Estou orgulhoso de os cidadãos terem se pronunciado sobre a reforma em si. Felicitações aos líderes do "não" – disse Renzi.
Uma porcentagem alta dos 50 milhões de italianos, quase 70% dos convocados às urnas, pronunciou-se sobre a reforma promovida pelo premier.
Minutos após a divulgação das primeiras pesquisas, o líder da xenófoba Liga Norte, Matteo Salvini, entre os defensores do "não", bem como representantes de centro-direita da Força Itália, pediram eleições antecipadas.
"Viva, viva a democracia", publicou em seu blog Beppe Grillo, líder do populista Movimento 5 Estrelas, acrescentando: "Adeus, Renzi, os italianos devem votar o mais rapidamente possível".
– Foram derrotados os grupos de poder – comentou o porta-voz do Força Itália, Renato Brunetta.
A maioria da classe política, desde a extrema esquerda até a extrema direita, incluindo críticos do próprio partido de Renzi, o Partido Democrático (PD), foi contra a reforma, que, segundo ela, concedia um poder excessivo ao chefe de governo.
*AFP