As forças de segurança iraquianas entraram em confronto neste sábado com manifestantes que tentavam entrar na Zona Verde, área fortificada no centro de Bagdá, deixando sete mortos e dezenas de feridos.
"A violência deixou sete mortos, incluindo dois membros das forças de segurança e cinco manifestantes", declarou uma autoridade da polícia.
Milhares de manifestantes, em sua maioria partidários do líder xiita Moqtada al-Sadr, reuniram-se no centro da capital iraquiana para exigir reformas eleitorais antes das eleições provinciais, previstas para setembro.
O protesto começou pacificamente e várias pessoas discursaram diante de uma multidão na Praça Tahrir.
Mas, pouco depois, vários manifestantes tentaram atravessar um cordão policial que protegia a estrada que conduz à Zona Verde.
"Os manifestantes tentaram atravessar a ponte Jumhuriya, e as forças de segurança lançaram granadas de gás lacrimogêneo para repeli-los, mas eles insistiram", informou um oficial da polícia.
Outro agente indicou que pelo menos 11 manifestantes foram feridos por balas de borracha ou gás lacrimogêneo, enquanto dezenas deles tiveram de ser atendidos por problemas respiratórios.
Correspondentes da AFP viram vários feridos entre a multidão de manifestantes e imagens da televisão mostraram ao menos duas pessoas que pareciam seriamente feridas na cabeça.
Os manifestantes haviam recebido autorização de Moqtada al-Sadr para uma nova etapa em seu movimento de protesto.
"Se quiserem se aproximar dos portões da Zona Verde para fazer valer suas reivindicações e fazê-las ressoar do outro lado da cerca (...) vocês podem", afirmou o dignitário xiita em um comunicado.
Ele encorajou os manifestantes a permanecer na praça até o por do sol, mas advertiu para que não tentassem forçar sua entrada na área fortificada.
- Pressão sobre Abadi -
No ano passado, os partidários de Sadr invadiram em duas ocasiões a Zona Verde, que abriga a comissão eleitoral e a maioria das instituições-chave do Estado.
Neste sábado, eles enfrentaram forte resistência das forças de segurança e não conseguiram atravessar o rio Tigre, que corre entre a Praça Tahrir e a Zona Verde.
Moqtada al-Sadr, descendente de uma família religiosa influente, se reinventou como defensor das reformas no Iraque depois de se tornar popular, rebelando-se contra os americanos após a invasão do Iraque em 2003. Ele exortou o primeiro-ministro Haider al-Abadi a atender às demandas da contestação.
"Peço que introduza as reformas, escute a voz do povo e se livrar dos corruptos", acrescentou em um comunicado.
Um grupo menor de manifestantes se reuniu na quarta-feira perto da Zona Verde e várias centenas de pessoas manifestaram-se na sexta-feira em várias cidades no sul do Iraque.
Os manifestantes, que pedem há meses profundas reformas políticas, consideram que a lei eleitoral em vigor serve aos interesses dos grandes partidos, acusados de corrupção e nepotismo.
O governo de Haider al-Abadi marcou para setembro as próximas eleições provinciais, quando o mandato da Comissão Eleitoral expira.
As eleições provinciais anteriores foram realizadas em 2013 e seus resultados são vistos como um termômetro para as eleições parlamentares, previstas para o início de 2018.
No ano passado, os partidários de Sadr manifestaram em várias ocasiões exigindo reformas políticas, especialmente a formação de um novo governo.
As manifestações cessaram com o lançamento, em outubro, da ofensiva do exército para retomar a cidade de Mossul do grupo Estado Islâmico (EI). Mas o anúncio das eleições incitou a retomada da mobilização.
* AFP