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Caracas

Oposição faz marcha em silêncio após distúrbios na Venezuela

Ato ocorre neste sábado na sede da Conferência Episcopal, em Caracas

AFP

Vestidos de branco, opositores venezuelanos devem caminhar neste sábado até a sede da Conferência Episcopal em uma "marcha do silêncio", após o aumento da violência, que deixou 20 mortos em três semanas de protestos contra o governo.

Contingentes da militarizada Guarda Nacional e da polícia protegiam setores e acessos estratégicos de Caracas, enquanto alguns manifestantes começavam a se reunir em alguns pontos definidos por líderes da oposição. O governo do presidente Nicolás Maduro acusou a Igreja venezuelana de ser um "ator político" de oposição.

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Na sexta-feira à noite foram registrados pequenos protestos e focos de distúrbios em uma área de Petare e Palo Verde, zona leste de Caracas. As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo para dispersar as manifestações. Testemunhas afirmaram que homens armados percorreram as ruas em motos e provocaram pânico.

Foi mais uma noite de violência em Caracas, depois da batalha campal de quinta-feira no bairro popular de El Valle, com tiroteios, saques e confrontos entre manifestantes e as forças de segurança.

Governo e oposição trocaram acusações sobre a violência, que desde o início das manifestações de rua em 1º de abril para exigir eleições gerais deixaram 20 mortos, além de centenas de detidos e feridos.

A oposição anunciou a intenção de manter a pressão nas ruas e convocou para segunda-feira uma "obstrução nacional", um bloqueio das principais avenidas de Caracas, em meio aos temores de que a violência continue no país.

– O país não tem um só osso saudável. As pessoas vão continuar protestando. O desafio da oposição será fazer entender que não existe apenas um método de protesto, porque provavelmente as marchas devem se desgastar – disse à AFP o sociólogo e professor universitário Francisco Coello.

De acordo com pesquisas, sete em cada 10 venezuelanos reprovam o governo, motivados por uma severa escassez de alimentos e remédios, além de um inflação que segundo o FMI deve alcançar 720,5% este ano - a maior do mundo.

Maduro, cujo mandato vai até 2019, afirma que a "direita extremista venezuelana" busca derrubá-lo com o apoio dos Estados Unidos, mas a oposição insiste que deseja retirá-lo do poder pela via eleitoral.

As eleições para governadores deveriam acontecer em 2016, mas foram suspensas e ainda não têm data. As eleições municipais estão programadas para este ano e as presidenciais para dezembro de 2018.

Apesar de Maduro afirmar que está ansioso para disputar eleições, ele descartou antecipar as presidenciais e pede aos adversários um diálogo e o abandono do que chama de "agenda golpista".

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