O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu a reação que teve após o conflito em Charlottesville, em um discurso para milhares de seguidores em Phoenix, Arizona, onde voltou a atacar com veemência a imprensa e as elites americanas.
Em um ambiente de apoio, o presidente aproveitou a ocasião para dedicar mais da metade do discurso a críticas às "pessoas doentes" nos meios de comunicação e nas elites, ao mesmo tempo em que defendeu suas declarações sobre Charlottesville.
– A mídia é muito desonesta... E me refiro às pessoas realmente desonestas na mídia e à mídia falsa, inventam histórias. Em muitos casos, eles não têm fontes – afirmou. – Não informam os fatos, assim como não querem informar que eu falei duramente contra o ódio, a intolerância e a violência e condenei fortemente os neonazistas, os supremacistas e a KKK – completou, em referência aos incidentes em Charlottesville.
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Trump foi muito criticado por democratas e mesmo por seus correligionários republicanos, assim como por vários setores da sociedade, por não condenar com veemência a manifestação de supremacistas brancos há duas semanas em Charlottesville. O protesto terminou em violentos distúrbios com ativistas antirracismo e uma mulher morta.
Protestos
Sob um forte calor, milhares de simpatizantes do presidente – muitos vestidos com as cores da bandeira americana – e de manifestantes anti-Trump se reuniram do lado de fora do centro de convenções onde aconteceu o discurso.
Separados por vários metros de distância dos seguidores de Trump, os manifestantes exibiram cartazes, nos quais o presidente aparecia com o bigode de Hitler.
"Coisas para fazer hoje: lavar roupa, tirar o lixo, opor-se aos nazistas", afirmava um dos cartazes.
O discurso foi muito aplaudido por seus seguidores dentro do centro de convenções, mas os ativistas anti-Trump entraram em confronto com a polícia. Os agentes usaram gás lacrimogêneo para dispersar o protesto.
O porta-voz da polícia, Jonathan Howard, disse que cinco pessoas foram detidas e que os manifestantes jogaram pedras, garrafas e outros objetos contra os agentes.
Polêmica
Trump também sinalizou que poderia conceder um indulto a Joe Arpaio, o polêmico ex-xerife do condado de Maricopa, no Arizona, condenado por violar uma sentença federal ao perseguir de maneira implacável os imigrantes latinos.
– Acredito que ele ficará bem, ok? Não vou fazer esta noite, porque não quero provocar nenhuma controvérsia – disse.
Algumas horas antes, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, informou que nenhuma decisão seria tomada sobre o tema na terça-feira (22).
Arpaio, 85 anos, ferrenho defensor de Trump, é considerado um herói por aqueles que desejam acabar com a chegada de imigrantes em situação clandestina. Ativistas dos direitos humanos questionam o perdão que o presidente afirmou, há alguns dias, que estava avaliando conceder.
– Indultar o xerife Arpaio seria apoiar oficialmente o racismo e a supremacia branca – disse Carlos García, da organização Ponte Arizona.
Trump também se mostrou otimista sobre os efeitos de sua retórica agressiva com a Coreia do Norte, que, segundo ele, começou a dar frutos, em um momento de tensão entre Washington e Pyongyang – capital e maior cidade da Coreia do Norte – pelo programa nuclear norte-coreano.
– Algumas pessoas disseram que era muito forte. Não é suficientemente forte – afirmou. – Mas Kim Jong-un... Eu acredito que ele está começando a nos respeitar. E respeito muito esse fato. E talvez, provavelmente não, algo positivo possa acontecer – acrescentou.