
O escritor português e Prêmio Nobel, José Saramago, morreu às 12h30 - horário local, (9h de Brasília) aos 87 anos na sua residência na localidade de Tías, nas Ilhas Canárias, na Espanha, conforme informações do El País.
Conforme anunciado no site da Fundação José Saramago, a morte teria sido em consequência de uma falência múltipla dos órgãos, após uma prolongada doença. Saramago faleceu acompanhado pela sua família, despedindo-se de uma forma serena e tranquila.
O editor de Saramago, Zeferino Coelho, disse que a saúde do escritor se havia deteriorado logo depois dele ter contraído, recentemente, uma doença, mas não deu mais detalhes. Nos últimos anos, o escritor havia sido hospitalizado em diversas ocasiões, principalmente devido a problemas respiratórios.
Leia mais sobre o autor:
Os pensamentos do escritor no blog Outros Cadernos de Saramago.
Histórico e obras:
José de Sousa Saramago foi escritor, roteirista, jornalista, dramaturgo e poeta. O primeiro Prêmio Nobel de Literatura em língua portuguesa ganhou, também, o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário deste idioma. Ele é considerado o responsável pelo efetivo reconhecimento internacional da prosa no idioma português.
Leia a última entrevista de Saramago a Zero Hora.
O escritor nasceu no dia 16 de novembro de 1922, em Azinhaga, aldeia ao sul de Portugal, numa família de camponeses. Seus pais emigraram para Lisboa quando ele ainda não havia completado os três anos de idade. Na época, fez estudos secundários que não pode continuar por dificuldades econômicas.
Autodidata, antes de se dedicar exclusivamente à literatura trabalhou como serralheiro, mecânico, desenhista industrial e gerente de produção numa editora.
Publicou o seu primeiro livro, um romance "Terra do Pecado", em 1947, tendo estado depois sem publicar até 1966. Trabalhou durante doze anos numa editora, onde exerceu funções de direção literária e de produção. Colaborou como crítico literário na Revista Seara Nova.
Em 1972 e 1973 fez parte da redação do Jornal Diário de Lisboa onde foi comentarista político, tendo também coordenado, durante alguns meses, o suplemento cultural daquele vespertino. Pertenceu à primeira direção da Associação Portuguesa de Escritores. Desde 1976 vivia exclusivamente do seu trabalho literário.
Em 1975, tornou-se diretor-adjunto do jornal Diário de Notícias. Acuado pela ditadura de Salazar, a partir de 1976 passou a viver de seus escritos, inicialmente como tradutor, depois como autor.
Em 1980, alcança notoriedade com o livro "Levantado do Chão", visto hoje como seu primeiro grande romance. "Memorial do Convento" confirmaria esse sucesso dois anos depois.
Em 1991, publica O Evangelho Segundo Jesus Cristo, livro censurado pelo governo português - o que leva Saramago a exilar-se em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, na Espanha. Foi ele o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura, em 1998.
Entre seus outros livros estão os romances O Ano da Morte de Ricardo Reis (1984), A Jangada de Pedra (1986), Ensaio sobre a Cegueira (1995), Todos os Nomes (1997), e O Homem Duplicado (2002); a peça teatral In Nomine Dei (1993) e os dois volumes de diários recolhidos nos Cadernos de Lanzarote (1994-7).