A assinatura de convênios para garantir investimentos em sete dezenas de municípios do Rio Grande do Sul fez o ministro da Cultura, Juca Ferreira, alterar sua agenda e vir a Porto Alegre. Ferreira assinou ontem, no início da tarde, convênios com três consórcios municipais e seis cidades, numa parceria que vai destinar um total de R$ 5,9 milhões para iniciativas de incentivo à leitura e ao cinema em 76 municípios do Estado - R$ 4,7 milhões investidos por parte do Ministério da Cultura e R$ 1,2 milhão como contrapartida das prefeituras envolvidas. Os recursos vão para a modernização de bibliotecas e para a instalação de Salas de Leitura e Cines Mais Cultura (minibibliotecas e cineclubes gratuitos para exibição de filmes nacionais).
Zero Hora - Na assinatura do convênio o senhor citou o índice de bibliotecas como 2,7 para cada 10 mil habitantes. Como aumentar essa proporção?
Juca Ferreira - Quando chegamos ao governo eram 2,6 mil municípios sem biblioteca, e pretendemos zerar isso agora. É um índice praticamente zerado, mas que precisa sempre de checagem, porque há municípios em que a prefeitura fecha bibliotecas para cortar despesas. Estamos inaugurando uma nova geração de bibliotecas, verdadeiros centros culturais. Isso se faz com investimento público. As bibliotecas são 99,9% públicas, e cabe aos governos federal, estaduais e municipais investirem.
ZH - Quando devem entrar em atividade as bibliotecas e os cineclubes previstos nos convênios?
Ferreira - Provavelmente até o fim do ano. Porque as restrições da lei eleitoral ainda não estão valendo para os documentos assinados hoje. Vai levar só o tempo tecnicamente necessário para as obras ficarem prontas.
ZH - O senhor falou em uma "nova geração de bibliotecas". Que modelo de biblioteca é necessário hoje para atrair a atenção de um leitor conectado à internet na era do livro eletrônico?
Ferreira - Uma biblioteca que tenha acervos, e não apenas livros disponíveis. Estamos financiando a digitalização da Biblioteca da USP, estamos digitalizando a Biblioteca Nacional e apoiando a digitalização de muitas bibliotecas estaduais. Evidentemente tem problemas de direito autoral e outra série de questões, mas uma biblioteca não é moderna apenas no aspecto tecnológico. Hoje as bibliotecas ficam esperando que a pessoa vá lá pedir um livro. Como os brasileiros leem 1,7 livro por ano, se você ficar esperando vai lidar com uma parcela ínfima da população. A nova geração de bibliotecas é a que motiva a leitura, que incentiva o interesse pelo livro. Esse é o aspecto mais importante da modernização de uma biblioteca.
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