O presidente-executivo do Movimento Todos pela Educação, Mozart Neves, falou ao programa Gaúcha Atualidade, na manhã desta segunda-feira, sobre os resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), calculado a cada dois anos, que serve para avaliar a qualidade do ensino público no país. Em 2009, 56,2% das escolas tiveram notas abaixo da média nacional para os primeiros anos do Ensino Fundamental, que foi de 4,6 pontos, em uma escala que vai de zero a 10.
Ouça a entrevista com o presidente-executivo do Movimento Todos pela Educação, Mozart Neves.
Neves percebeu que o aumento dos resultados foram expressivos nas séries iniciais do Ensino Fundamental, mas, por outro lado, houve estagnação de aprendizagem no Ensino Médio, levando a crer que o aprendizado das crianças não é "aproveitado" no final desta etapa, em que há uma queda.
- A gente pode aproveitar mais e melhor essa aprendizagem cada vez maior nas séries iniciais - acredita Neves, que ainda atentou à questão da educação do jovem no país.
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É preciso trabalhar a valorização e a escassez de professores na educação. Há três anos, a estimativa do governo federal é de que faltavam 250 mil docentes no Ensino Médio e séries finais do Ensino Fundamental.
Outro dado alarmante, segundo Neves, é que 40% dos jovens que se evadem do Ensino Médio o fazem por desmotivação. A falta de professores e de qualidade no currículo são os principais motivos para este desinteresse:
- O jovem quer uma escola que caiba na vida e, lamentavelmente, ele não encontra no Ensino Médio.
Neves também falou sobre a falta de equidade na educação no território nacional:
- Tem escolas com Ideb 7, mas outras com Ideb 2 - relata Neves, acrescentando que "dependendo de onde a criança vai estudar, tem um futuro diferente".
Para Neves, chegou o momento de "criar uma nova escola, antenada para o século XXI", inserindo a cultura digital na educação, com professores mais preparados e capazes de instigar a pesquisa para atrair os jovens a estudar.
- A escola de hoje não é capaz de aproveitar os potenciais diferenciados desses jovens - lamenta o educador.
Ainda há a necessidade de investir mais na educação pública. Um aluno custa aos cofres públicos, por ano, 1,5 mil dólares. O valor é inferior aos dos países vizinhos, onde a média deste custo é de 2,2 mil dólares per capita.
Quanto à gestão de diretores nas escolas públicas, Neves espera que estes sejam mais profissionais e que "acabe de vez por todas no Brasil" a indicação de diretores "politicamente".
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