Mais de um mês depois de percorrer 530 quilômetros à procura de um leito para dar à luz, Elisiane dos Santos San Martin Naparo voltou na tarde deste sábado com os gêmeos Guilherme e Gustavo para a casa da família em Santa Vitória do Palmar, no Sul do Estado, onde foi recebida com festa por parentes, amigos e vitorienses que se comoveram com o drama da família. Emocionada, Elisiane comemorou o retorno:
- A gente sabia que haveria algum tipo de recepção, mas não esperava a emoção das pessoas. Acabei chorando junto. Finalmente estamos de volta para casa, com os nossos troféus - contou, em entrevista a ZH por telefone.
A mãe e os bebês viajaram em um Vectra com a avó dos gêmeos e um motorista. Dois casais que ajudaram a família durante a estadia em Novo Hamburgo também acompanharam o trajeto. O pai dos bebês, Alex Caetano Naparo, viajou em um carro separado, levando as doações que a família recebeu. O grupo saiu por volta das 6h do Vale do Sinos e chegou em torno das 15h40min em Santa Vitória do Palmar. Enquanto cuidava dos bebês na viagem de volta, Elisiane relembrou os percalços da ida:
- Graças a Deus, o retorno foi tranquilo. Nem para mamar os bebês choraram muito. Lembrei de quando fizemos o caminho inverso, em uma ambulância precária, com a minha mãe passando mal, mas indo com a esperança de que tudo iria dar certo. Nada é por acaso, tínhamos essa missão - relatou.
Elisiane voltou a fazer um apelo ao governantes para que invistam na saúde e ajudem a evitar que mais gestantes passem pela situação que ela enfrentou:
- Se eu fosse mais um caso e a história não tivesse sido ouvida, talvez não tivesse mexido com os governantes. Tenho a expectativa de que muita coisa boa aconteça na saúde daqui para frente. Não adianta lutarmos pelo planeta se não conseguirmos dar à luz os filhos para os quais vamos deixar esse planeta.
Elisiane estava morando com os pais em Santa Vitória desde os três meses de gravidez. O marido trabalha em Florianópolis. Ela pretende ficar mais um tempo com os bebês na casa da família no Sul do Estado até o casal decidir onde vai morar.
Carreata e casa cheia
A família se surpreendeu com a carreata que acompanhou a chegada desde o pórtico do município e com a quantidade de pessoas que aguardavam o retorno na casa no bairro Coxilha.
- Foi muito comovente, ela ganhou flores, e a casa encheu de gente querendo ver os bebês. Meu marido disse que mais de 200 pessoas vieram aqui - contou a avó dos gêmeos, Neiva Ledoci dos Santos.
Apesar de feliz com o retorno, a família já está com saudade da cidade onde nasceram Guilherme e Gustavo:
- Levamos Novo Hamburgo no nosso coração e na nossa alma - destacou o pai de Elisiane, Elisio Fausto San Martin.
Entenda o caso
Na sexta-feira, 21 de outubro, a bolsa de Elisiane, que estava grávida de sete meses, rompeu. Foram dois dias de procura por leitos em todo o Estado até que ela conseguiu vaga em Novo Hamburgo, a 530 quilômetros de Santa Vitória do Palmar, onde a mãe de Elisiane reside.
Como a bolsa da gravidez estava rompida e a demora para realizar a cesariana foi grande, Elisiane e os bebês contraíram infecção. Ela ficou três dias em coma, induzido. Os bebês, os gêmeos Gustavo e Guilherme, ficaram na UTI, mas se recuperaram bem. No dia 1º de novembro, Elisiane saiu da UTI e finalmente conheceu os bebês.
