Um homem armado, de 24 anos, que afirma ser da Al-Qaeda e vingador das crianças palestinas, segue cercado na manhã desta quarta-feira por homens da "Raid", a unidade de elite da polícia francesa, no bairro Croix-Daurade de Toulouse, pelo massacre na escola judaica e por outros dois crimes na região, informaram as autoridades.
Por volta das 5h45min local, ocorreram seis disparos em torno na casa onde o jovem de origem magrebina está cercado, comprovou a AFP. O ministro do Interior, Claude Guéan, que acompanha pessoalmente a operação, disse que a mãe do jovem "foi levada ao local para conversar com o filho, mas desistiu" de convencê-lo a se entregar. O irmão do jovem foi detido pela polícia, revelou Guéant.
- Todos sabem que nos locais dos crimes havia apenas um suspeito, mas seu irmão está preso, porque as investigações revelaram provas sistemáticas - disse Guéan.
Segundo Guéan, o homem cercado pela polícia "tem vínculos com salafistas e jihadistas e viajou ao Paquistão e ao Afeganistão".
- Ele afirma pertencer à Al-Qaeda e que quer vingar as crianças palestinas e castigar o Exército francês.
O irmão e a irmã do jovem participavam do mesmo movimento, mas são menos violentos e não viajaram à fronteira entre Paquistão e Afeganistão. A polícia "está certa de que ele é o autor do massacre: um jovem de 24 anos conhecido pelos serviços de informação franceses, que comprovaram seu envolvimento na série de assassinatos (...) em Toulouse", destacou o ministro.
Na operação desta quarta-feira, três policiais ficaram feridos sem gravidade, um no joelho, outro no ombro e um terceiro atingido por disparo contra o colete a prova de balas. O suspeito "faz parte deste pessoal que volta das zonas de combate e que sempre é fonte de preocupação para os serviços" de inteligência, revelou uma fonte ligada à investigação.
Os serviços de informação ocidentais estavam em alerta sobre uma dezena de jovens procedentes das zonas conflitivas da fronteira entre Paquistão e Afeganistão, incluindo alguns que seguiram para a França. O jovem era investigado pela DCRI (Direção Central de Informação Interna), junto a outros, desde os primeiros ataques, em Toulouse e Montauban.
No dia 11 de março, um homem matou um soldado de origem magrebina em Toulouse, No dia 15, atirou em três soldados do regimento de paraquedistas na cidade vizinha de Montauban - dois de origem magrebina e o terceiro de origem caribenha - matando dois e ferindo um gravemente.
Agentes da polícia com coletes a prova de bala ocupavam as ruas do exclusivo bairro de Croix-Daurade, próximo à escola judaica onde ocorreu o massacre de três crianças e um adulto, na segunda-feira passada.
As autoridades francesas deflagraram na terça-feira uma corrida contra o relógio para deter o assassino, a partir de informações preliminares obtidas através de vídeos de vigilância, testemunhos de sobreviventes e de contatos entre o assassino e sua primeira vítima, de 11 de março.
Os investigadores foram capazes de reconstituir parte do percurso do assassino desde o dia 6 de março, quando roubou a scooter que foi utilizada até o último ataque, na segunda-feira. No período de 14 dias, o homem agiu a cada quatro dias e a cada vez utilizou uma scooter e duas armas calibre 9mm e 11.43, além de um capacete para evitar ser reconhecido.
A cada assassinato, o criminoso disparou na cabeça "à queima roupa", destacou o promotor de Paris Francois Molins, responsável por esta investigação de terrorismo classificado.