A cena era típica de execução. O empresário catarinense Patrício Siqueira, 44 anos, dono de uma empresa de venda de arroz, agonizava com dois tiros no coração, amordaçado e preso a uma cadeira em seu escritório, no centro de Barra do Ribeiro, no sul do Estado. Socorrido por PMs, morreu instantes depois.
Tudo indicava se tratar de uma queima de arquivo.
A morte aconteceu em abril do ano passado. O caso foi encerrado pela Polícia Civil com uma conclusão inusitada: não existiria um assassino. O empresário teria planejado a própria morte. Motivo: estaria endividado e pretenderia beneficiar a família com um seguro de R$ 1 milhão. Por causa do resultado do inquérito, o pagamento foi bloqueado.
- É o caso mais surpreendente com o qual deparei em 28 anos de profissão - afirma o delegado Luis Ricardo Bykowski dos Santos, da Delegacia da Polícia Civil de Barra do Ribeiro.
Conforme o delegado, chamou atenção que Siqueira tinha sido localizado por PMs ainda com vida.
- O normal em uma execução é um tiro no coração e outro na cabeça, sem chance para a vítima - afirma.
Laudo do Departamento Médico Legal revelou que Siqueira foi morto com dois tiros, à queima-roupa, disparados da direita para a esquerda. Uma pistola calibre .380, pertencente à vitima, foi localizada no chão, engatilhada, banhada em sangue e com sinais de uso recente.
Dois projéteis de pistola calibre .380 foram apreendidos - um retirado no corpo do empresário e outro da cadeira dele. O exame de balística, contudo, ainda não foi concluído, para atestar se os projéteis partiram ou não da arma apreendida.
O que mais chamou a atenção da polícia foi que as pernas e a mão esquerda de Siqueira estavam amarrados, mas a mão direita, solta. O empresário era destro, colecionador de armas e exímio atirador.
Perícia no escritório apontou não existir marcas de impressões digitais de outras pessoas no local. As portas estariam trancadas por dentro, e não tinham sinais de arrombamento.
A suspeita da polícia cresceu após descobrir que a vítima enfrentava dificuldades financeiras e, havia dois meses, pagava uma apólice de seguro de vida. A conclusão policial é contestada por familiares do empresário.
- Não duvido da hipótese de suicídio, mas questiono a conclusão da investigação para chegar a esse convencimento - afirma Mário Martins, cunhado da vítima e delegado da Polícia Civil de Santa Catarina.
O promotor Daniel Soares Indrusiak afirma desconhecer o relatório das investigações policiais.
- Mais sobre:
- morte
- barra do ribeiro
- investigação