Começa a escurecer e o trânsito tranca na Avenida Goethe, em Porto Alegre. Entre o para-e-arranca habitual, os motoristas observam o vendedor Rodrigo Steinbach, 24 anos, deslizar pela calçada sobre o shape preto e as quatro rodinhas azuis do skate. Quando encontra espaço, realiza um salto habilidoso sobre o meio-fio e embala pelo asfalto, entre os carros parados no congestionamento.
Das pistas livres para as ruas, o skate tem disputado espaço com outros veículos e ganha cara de meio de transporte por ser, na avaliação dos usuários, uma alternativa sustentável e de baixo custo para percorrer distâncias mais curtas. Steinbach, por exemplo, usa o carrinho diariamente para ir de casa, no bairro Bom Fim, ao trabalho, no Moinhos de Vento. À noite, faz o itinerário contrário e jura que demora menos tempo do que se tomasse um ônibus.
- O skate é mais rápido porque foge daquele movimento intenso de carros - explica o jovem, que é skatista desde os nove anos e já venceu campeonatos nacionais.
O deslocamento sobre as quatro rodinhas não é restrito aos mais talentosos adeptos do esporte. O projetista de circuitos eletrônicos Sérgio Brunn, 57 anos, vai ao trabalho de skate constantemente. Às segundas, quartas e sextas, sai de casa de manhã cedo para percorrer - em cerca de 35 minutos - os cinco quilômetros que separam a casa em que vive com a família, no bairro Partenon, da empresa onde trabalha, no Centro. Nas terças e quintas, vai para o serviço à tarde, ainda sem deixar para trás o skate.
- Só vou de carro se estiver muito frio ou chovendo - conta Brunn.
Para se deslocar, carrega nas mãos o par de muletas que o acompanha desde que quebrou algumas vértebras durante um circuito mundial de downhill em Teutônia, no Vale do Taquari, em 2007. Na ocasião, chocou-se contra um carro quando descia uma colina a cerca de 100 km/h. Brunn demorou quase quatro meses para voltar a ficar em pé em cima de um skate de novo, sustentado pelos dois filhos.
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