O papa Bento XVI desembarcou nesta sexta-feira no Líbano para uma visita de três dias, durante os quais pretende estimular os cristãos do Oriente Médio a conviver pacificamente com os muçulmanos.
A visita a uma região já abalada pelo conflito na Síria, país vizinho ao Líbano, e a ascensão de extremistas ganhou um novo componente esta semana com a crise provocada por um filme ofensivo ao Islã, que provocou revolta no mundo muçulmano, com o assassinato de vários americanos, entre eles o embaixador dos Estados Unidos na Líbia.
Ainda no avião, Bento XVI pediu o fim da venda de armas na Síria, que classificou como um "pecado grave", criticou o fundamentalismo religioso e elogiou a Primavera Árabe.
- As importações de armas devem cessar de uma vez por todas. Sem essas importações, a guerra não poderia continuar - disse o Papa.
Bento XVI afirmou que viu na Primavera Árabe "um desejo de mais democracia, liberdade, cooperação para uma identidade árabe renovada", ao mesmo tempo que criticou o fundamentalismo, uma "falsificação da religião".
O Papa estava sorridente e emocionado ao desembarcar do avião, que pousou às 13h40min locais (7h40min de Brasília) no aeroporto internacional de Beirute, onde foi recebido por autoridades libanesas, incluindo o presidente da República, Michel Sleimane, o único cristão que é chefe de Estado em um país árabe.
- Todos os integrantes da família libanesa o recebem com gratidão - afirmou o presidente libanês.
Mais de cem jovens vestidos de branco estavam na pista e exibiam uma faixa com a frase "Líbano alegre, o Papa chegou". Os sinos das igrejas de todo o país ressoaram em homenagem ao Sumo Pontífice, de 85 anos, que foi recebido com 25 salvas de canhão.
O Líbano é o país do Oriente Médio com o maior percentual de cristãos, que formam quase 40% dos 4 milhões de libaneses. Os católicos maronitas são o grupo mais numeroso.
Ainda no aeroporto, o Papa fez o primeiro de sete discursos previstos durante a visita. Bento XVI elogiou a convivência entre as diferentes comunidades religiosas no Líbano, que chamou de "exemplo" para o Oriente Médio.
- A feliz convivência libanesa deve demonstrar, ao conjunto do Oriente Médio e ao restante do mundo, que, dentro de uma nação, pode existir a colaboração e o o diálogo religioso entre cristãos e seus irmãos de outras religiões. Este equilíbrio, presente em todas as partes como um exemplo, é extremamente delicado - discursou.
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