Cláudia Laitano
Todas as notícias ruins sobre crianças nos comovem, mas as notícias ruins sobre crianças que têm a idade dos nossos filhos simplesmente nos devastam. É irracional e talvez até mesmo egoísta, já que o que nos embrulha o estômago nesses casos não é exatamente o sofrimento de uma família estranha, mas a associação involuntária com a criança que temos em casa. Podemos nos identificar com outros adultos porque eles têm a mesma profissão que nós, interesses comuns ou mesmo proximidade geográfica, mas para ver o rosto do nosso filho no rosto dos filhos dos outros basta uma coincidência de datas. Pobres ou ricas, brasileiras ou esquimós, vindas de famílias felizes ou nem tanto, crianças da mesma idade parecem todas pertencer a uma mesma tribo imaginária. Darwin, mais do que Freud, talvez explique esse curioso impulso de preservação da espécie que nos leva a querer proteger todas as crianças _ e, entre elas, mais ainda aquelas que poderiam ser nossas.
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