Em depoimento à Comissão Nacional da Verdade, o coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra, que comandou o Destacamento de Operações de Informações-Centro de Operações de Defesa Interna do 2º Exército em São Paulo (DOI-Codi/SP) entre 1970 e 1974, negou a acusação do Ministério Público Federal de ocultação de cadáver.
- Agi com a consciência tranquila. Nunca ocultei cadáver. Sempre agi dentro da lei - disse.
O coronel compareceu nesta sexta-feira à Comissão e, apesar de decisão judicial que lhe garantia o direito de não se pronunciar durante o depoimento, falou e negou também que tenha cometido assassinato, tortura e sequestro. O ex-comandante afirmou ainda que nenhuma tortura foi cometida dentro das instalações do órgão de repressão do governo militar.
Ele também qualificou seu trabalho como antiterrorismo e citou a presidente Dilma Rousseff:
- Lutamos contra o terrorismo. Eles atacavam quartéis, roubavam armas, incendiavam rádio-patrulhas e explodiram dezenas de bombas. Enfrentei várias organizações de esquerda, entre elas quatro nas quais a atual presidente da República atuou.
O coronel afirmou que combateu "o comunismo" representado pelas organizações anti-ditadura da época e classificou como positivo o seu trabalho, que teria ajudado a preservar a ordem democrática.
- Se não fosse a nossa luta, hoje eu não estaria aqui porque eu já teria ido para o paredão. Hoje não existiria democracia nesse país _ disse.
Além do coronel Ustra, também fala à Comissão o ex-sargento Marival Chaves, que atuou na mesma instituição e já prestou dois depoimentos espontâneos à CNV. Marival Chaves e Carlos Ustra estão sendo ouvidos dentro da linha de pesquisa dos grupos de trabalho sobre as Graves Violações de Direitos Humanos cometidas por agentes do Estado ou pessoas a seu serviço entre 1946 e 1988.