O Itaú Unibanco anunciou nesta terça-feira a compra da Credicard, do Banco Citibank, por R$ 2,767 bilhões, em dinheiro. O negócio era dado como certo no mercado desde a quinta-feira da semana passada, mas o Itaú negava que o acordo já houvesse sido concluído. Segundo Roberto Setubal, presidente executivo da instituição, a aquisição confirma e reforça o foco do banco em crescer em mercados estratégicos.
- Estamos muito felizes em anunciar mais uma operação que reflete nosso compromisso com o desenvolvimento do Brasil, através de maior oferta de crédito - ressaltou o executivo, em nota à imprensa.
Com o negócio, o Itaú Unibanco, segundo Setubal, fortalece a sua participação no mercado de cartões de crédito e crédito ao consumidor.
- As oportunidades de crescimento no país também passam pelo desafio de bancarização do brasileiro e o cartão de crédito é um dos principais instrumentos para este fim - afirma o presidente executivo do Itaú Unibanco.
A operação envolve a compra da marca Credicard, do banco Citicard e da promotora Citifinancial, com 96 pontos de venda. A aquisição inclui uma carteira de crédito (valor bruto) de R$ 7,3 bilhões (data-base 31 de dezembro de 2012) e uma base de 4,8 milhões de cartões de crédito. O negócio, porém, não engloba os cartões American Airlines, Corporate, Credicard Platinum (exceto Credicard Exclusive) e os cartões com as marcas Citi e Diners.
Em fato relevante, o Itaú explica que as bases contratuais dos clientes da Credicard, atualmente existentes, não terão nenhuma alteração em decorrência da operação. A conclusão da transação e o efetivo pagamento dependerão da aprovação dos órgãos reguladores competentes.
A aquisição da Credicard vai possibilitar ao Itaú Unibanco elevar sua participação em cartões para quase 40%, de acordo com o diretor Corporativo de Controladoria da instituição, Rogério Calderón. Os 4,8 milhões de cartões da marca vão agregar cerca de 4% em market share ao banco, que já é líder no segmento, com uma fatia de pouco mais de 35%. Seus principais concorrentes, Bradesco e Banco do Brasil dividem o segundo lugar com cerca de 21% de market share cada.
- Nós já temos uma participação importante em cartões e a aquisição da Credicard aumenta nossa presença neste segmento. Gostamos bastante dessa área e da operação, além de conhecermos bem a base de clientes da Credicard - destacou Calderón.
Em ativos, a aquisição da Credicard acrescenta ao Itaú Unibanco um montante de R$ 8 bilhões, que, somados ao valor encerrado no primeiro trimestre chegam a R$ 1,036 trilhão em ativos totais. Já em funcionários, são cerca de 1,2 mil novos colaboradores que serão integrados ao grupo, cujo total passa a somar mais de 97,5 mil.
Após desistência de Bradesco e Santander, Itaú estava sozinho na disputa
O banco estava sozinho na disputa pela financeira do Citibank. Os concorrentes Bradesco e Santander desistiram do negócio na semana passada. Segundo publicou a coluna de Sônia Racy, do jornal O Estado de S.Paulo, o Bradesco teria ofertado um valor maior que o oferecido pelo Itaú, mas a operação não teria ido para frente porque o banco da Cidade de Deus ofereceu condições de pagamento piores.
Desde o início das negociações o Itaú já era visto pelo mercado como o player favorito para levar a Credicard. O interesse do banco no ativo se justifica pelo fato de já ter sido dono da empresa no passado. No final de 2006, o Itaú vendeu 50% da Credicard ao Citibank por R$ 280 milhões. Por isso, conhece bem o negócio que está colocando dentro de casa.
Segundo Francisco Aristeguieta, CEO do Citi América Latina, a venda da Credicard para o Itaú Unibanco demonstra como o Citi Brasil está encontrando formas de otimizar seus negócios e de focar em segmentos específicos nos mercados emergentes em linha com a sua estratégia global.
- Fazemos negócios no Brasil há 98 anos e continuaremos ampliando nossos negócios institucionais e de banco de varejo no país. O Brasil é um importante mercado em crescimento, e é parte essencial da presença do Citi na América Latina e da sua rede global - destacou Aristeguieta, em comunicado à imprensa.
O Citibank espera que a transação, após ser aprovada pelas autoridades reguladoras brasileiras, gere um ganho sobre a venda de aproximadamente US$ 300 milhões após os impostos (US$ 0,10 por ação) na conclusão da operação. Segundo nota do banco, as atividades de negócios serão refletidas em operações descontinuadas a partir do segundo trimestre de 2013. A rede de agências Citibank também não será afetada por esta transação, destaca o banco.