
Os moradores da região metropolitana de Porto Alegre podem anotar e cobrar: a partir do próximo verão, eles não terão mais problemas de falta d'água como o que ocorreu nesse final de ano. A promessa, feita pela Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), é embasada em obras de melhorias - orçadas em R$ 1,3 bilhão -, previstas para serem concluídas até março.
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- Coloca com todas as letras: na Região Metropolitana, 2013 é o último ano que teremos falta d'água. No fim das obras, não teremos mais problemas, pode dar o calor que quiser - assegura Antônio Carlos Martins, diretor de Operações da Corsan.
O órgão diz que o desabastecimento aconteceu devido às altas temperaturas, ao consumo excessivo de água e a quedas de energia elétrica. Desde sexta-feira, diversas cidades enfrentaram o problema.
Em Viamão, moradores chegaram a bloquear uma rua e queimaram pneus em protesto. Na Capital, sete bairros também ficaram na seca: Mário Quintana, Serraria, Lomba do Pinheiro, Agronomia, Partenon, Morro Santana e Ponta Grossa. Conforme o diretor-geral do Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), Flávio Presser, os problemas em Porto Alegre são pontuais:
- Na Lomba do Pinheiro, por exemplo, há uma limitação de bombeamento do Menino Deus para lá. Além disso, muitas ligações irregulares consomem grande parte da água. Essa região cresceu 70% em 10 anos. As outras áreas da cidade estão plenamente abastecidas, temos ótimos níveis de reserva.
"Calor não é desculpa"
Para o diretor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), André Silveira, o argumento de que falta água por causa do calor excessivo "não é desculpa". Ele critica a eficiência dos serviços prestados hoje no Estado:
- Falta previsão e gestão. Chove o suficiente no Rio Grande do Sul para termos um bom abastecimento em qualquer cidade. É uma questão de eficiência. A Corsan não é uma companhia ruim, mas talvez ela não tenha capacidade ser eficiente em todos os locais, ao mesmo tempo.
O presidente da Federação das Associações de Municípios do RS (Famurs), Valdir Andres (PP), é mais incisivo na crítica e fala que a "Corsan parou no tempo". Ele relata que muitas prefeituras gaúchas reclamam frequentemente do trabalho da empresa:
- Ela está muito descapitalizada. Faltam obras não só de abastecimento, mas sobretudo de esgotamento cloacal. A Corsan é uma estatal que parou no tempo, por uma série de dificuldades.