Humberto Trezzi / Brasília
A grande novidade na mais recente cruzada das autoridades de segurança contra o crime organizado no Rio é que a Polícia Federal (PF) usou um drone, veículo aéreo não-tripulado com câmera, para monitorar os passos do traficante Marcelo Santos das Dores, chefe de uma das facções do Complexo da Maré.
Conhecido como Menor P e líder do Terceiro Comando Puro (TCP), ele foi preso em Jacarepaguá, um bairro da Zona Oeste, embora dominasse favelas da Zona Leste. Com quatro metros de comprimento, o drone (ou Vant, Veículo Aéreo Não Tripulado, de fabricação israelense) voa a mais de mil metros de altura.
O zumbido do motor pouco potente passa imperceptível em meio aos ruídos de uma metrópole. Sua câmera infravermelha de alta precisão permite inclusive monitoramentos noturnos.
Menor P, um ex-paraquedista com fama de torturar até a morte os desafetos, foi seguido várias vezes pelo avião. O drone monitorava o veículo no qual o traficante se deslocava e, com isso, descobriu inclusive seu esconderijo, em um edifício de luxo em Jacarepaguá.
O drone será usado também na ocupação do conjunto das 11 favelas do Complexo da Maré, cujo controle atual está em poder de traficantes do TCP e seus rivais do Comando Vermelho. E por que os policiais revelam isso? Para alertar os traficantes de que é hora de desistir - e evitar um banho de sangue indesejado.
No início do ano, a PF desbaratou uma quadrilha de contrabandistas, que incluía policiais civis paranaenses, monitorados pelo avião-robô. Foram apreendidos, além da mercadoria ilegal, 12 veículos usados para transportá-la. É o legítimo caso de tecnologia bem aplicada contra o crime. Que venham mais novidades como essa. O Brasil aplaude.
Novo drone para a Copa do Mundo
Assim como a Polícia Federal (PF), a Força Aérea Brasileira (FAB) também está apostando na tecnologia. Nesta quinta-feira, anunciou a compra de um novo avião não tripulado Hermes 900, da israelense Elbit Systems, que será usado para o monitoramento durante os eventos da Copa do Mundo.
O contrato, no valor de US$ 8 milhões, inclui o suporte logístico e garantia de um ano do equipamento. O Hermes 900 é maior que os atuais Vants operados pela FAB em Santa Maria. De acordo com o Chefe do Celog, brigadeiro do ar Ricardo César Mangrich, o novo Vant chega ao Brasil no início de maio.
O novo aparelho será operado pelo Esquadrão Hórus (1º/12º GAV), que já opera os Vants RQ-450 Hermes desde 2011, em Santa Maria.