Com a homologação da construção da nova ponte sobre o Guaíba, publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União, cerca de 850 famílias terão de desocupar suas moradias para dar lugar às obras.
Elas serão remanejadas para uma vila temporária até que as residências definitivas sejam construídas, mas o terreno para reassentamento dos moradores ainda não foi definido.
A construção atingirá residências da Ilha Grande dos Marinheiros e das vilas Tio Zeca e Areia, comunidades próximas à Rua Dona Teodora, onde serão construídas as alças de acesso à nova ponte. Moradores estão resistentes à realocação e criticam a ausência de informações sobre o destino de suas famílias.
- Nenhum dos governantes tem planejamento de habitação para nós. Nunca deram resposta para nos tranquilizar. Não sabemos quando vão fazer. Os moradores não sabem pra onde vão e para onde não vão. Não dizem nada para a gente - afirma Liane Antonia Souza Farias, uma das líderes comunitárias na ilha.
Apesar do temor de algumas famílias e da falta de informações, há quem deseje fazer parte do grupo de reassentados. Como uma empresa especializada deverá ser contratada para ir ao local e realizar o recadastramento dos moradores atingidos, com base num cadastro anterior feito pela prefeitura, que identificou as 850 famílias, esse número ainda pode variar.
- O que mais quero é sair daqui, ter direito a luz, tudo direitinho. Fica só a preocupação agora sobre onde a gente vai ficar, se vão dar casa popular, porque todo ano tem enchente aqui - diz a aposentada Fabiane Soares, que mora há 10 anos às margens do Guaíba com o marido, a mãe e os três filhos.
Conforme o diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Jorge Fraxe, na segunda-feira, após a assinatura do contrato, terá início o processo de identificação dos terrenos onde serão feitas as novas casas.
Ele afirmou que as moradias provisórias serão executadas simultaneamente à construção das moradias definitivas. Fraxe garantiu que os moradores serão deslocados para locais próximos às residências atuais. A data ainda não está definida.
- Não vamos levar as famílias para um lugar distante. Vamos procurar o mínimo de impacto possível, reassentar as pessoas mantendo suas rotinas, sem onerá-las - afirma o diretor-geral.
Dilma anuncia começo imediato
Na próxima segunda-feira, será assinado o contrato entre o Dnit e o Consórcio Ponte Guaíba, formado pelas empresas Queiroz Galvão e EGT Engenharia, para dar início às obras da ponte. A primeira providência, além do cadastramento para realocação das famílias, será a construção das vigas pré-moldadas que serão utilizadas na nova ponte.
Nesta quinta-feira, em pronunciamento feito para emissoras de rádio, a presidente Dilma Rousseff apresentou a obra como um presente pelo aniversário de Porto Alegre, celebrado na quarta-feira, e estipulou um prazo de conclusão de três anos.
- As obras para construção da segunda ponte vão começar imediatamente. Todos nós que amamos Porto Alegre sabemos a importância dessa nova ponte - disse Dilma.
Como a construção atinge a Área de Proteção Ambiental Delta do Jacuí, terá início também a segunda etapa do licenciamento ambiental.
O empreendimento já obteve a licença prévia, solicitada durante o planejamento da obra e que aprovou a viabilidade ambiental da construção, e agora aguarda a obtenção junto à Secretaria Estadual do Meio Ambiente da chamada licença de instalação, que aprova os projetos e autoriza o início do empreendimento.
A ponte, de sete quilômetros, está orçada em R$ 650 milhões (28% abaixo do previsto no edital). A previsão é de que 50 mil veículos transitem diariamente pelo local.