Eles já são usados para entregar pizzas, monitorar o trânsito e filmar eventos de um ângulo que só uma câmera com asas consegue. Cada vez mais, os drones estão presentes no cotidiano, para o bem e para o mal: em São Paulo, uma aeronave não tripulada foi flagrada deixando cocaína em uma cadeia. Foi também um drone o responsável por fazer a águia da Portela sobrevoar a Sapucaí, uma das grandes surpresas no Carnaval do Rio deste ano.
Em um casamento em São Paulo, um drone dividiu as atenções com os noivos. Quando a promotora de eventos Maria Luiza Sousa, 38 anos, apareceu no tapete vermelho e começou a andar ao encontro de Marco Antonio Santos, 40 anos, os convidados tiveram uma surpresa extra. Sobre a cabeça da noiva, um "zangão" filmava tudo.
- Todos ficaram muito curiosos, não sei se eles ficaram mais surpresos comigo ou com o drone - disse ela.
Originalmente, as aeronaves não tripuladas e remotamente pilotadas foram desenvolvidas para uso militar, mas civis viram no equipamento uma possibilidade de gerar imagens aéreas em alta definição a um custo reduzido. Todos esses drones, porém, voam de forma irregular sobre nossas cabeças.
Em fevereiro, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) apresentou à indústria - há seis fábricas de drones no Brasil, uma delas no Estado - uma proposta de regulamentação, que ainda passará por consulta pública antes da publicação. A Anac pretende concluir os trâmites ainda este ano.
- Há um amplo mercado a ser explorado nesse setor, mas o fato de não podermos voar comercialmente inviabiliza o desenvolvimento do negócio - afirma Ulf Bogdawa, diretor de uma fábrica com sede em Porto Alegre.
Na contramão das barreiras impostas pela falta de regulação, é crescente o número de interessados na tecnologia, a ponto de o engenheiro eletrônico Marcos Daniel Rodrigues Júnior abrir uma loja voltada à venda de equipamentos e acessórios para drones em São Paulo.
Dono de uma produtora especializada em imagens aéreas com drones, o fotógrafo francês Eric Bergeri começou a usar o equipamento em 2010, como alternativa para reduzir custos. Segundo Bergeri, além de ser mais barato do que o aluguel de um helicóptero, o drone pode voar em lugares de difícil acesso e chegar perto de objetos com mais segurança.
Como a França é um dos poucos países que já fixou normas para o uso comercial de drones, Bergeri segue aqui as regras de seu país de origem, baseadas no aeromodelismo, como não voar perto de aeronaves e aeroportos nem sobre multidão, ruas e meio urbano em geral:
- Não precisaria de regras se todos usassem o bom senso. Um objeto de um quilo, a cem metros do chão, voando sobre as pessoas, é um risco.
Na internet, é fácil encontrar registros de acidentes com drones, como noivos atingidos em cheio pela câmera voadora na hora do beijo no altar. Existem, também, registros mais graves, como a morte de um jovem norte-americano de 19 anos, que morreu após ser atingido na cabeça pelo seu próprio drone. Há perigo para aviões comerciais. Conforme a Anac, independentemente do tamanho ou peso, a operação irregular desse tipo de aeronave pode acarretar risco ao espaço aéreo.
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